quarta-feira, 7 de novembro de 2012

Todos terão de se adaptar, alerta Tolmasquim

Para especialista, impacto na conta de luz deverá ser sentido a partir do ano que vem 

Adaptar-se a um novo cenário é uma necessidade inadiável para todos os agentes no setor de energia para ficar no azul e manter o direto à concessão. “Todos vão ter de fazer contas”, frisou Maurício Tolmasquim, presidente da Empresa de Pesquisa Energética (EPE), responsável pelos estudos que fundamentam as políticas do Ministério das Minas e Energia (MME). Ele destacou que o país está perto do pleno emprego e, por isso, o jeito de garantir o crescimento é baixando custos e aumentando a produtividade, explicando a opção por priorizar a redução de tarifas na renovação das concessões. “A renda hidráulica é apropriada pela usina e dá lucro. 

O rio é um bem público, por isso a concessão se dá por tempo limitado.” Para os consumidores, o impacto das novas normas deverá ser sentido em fevereiro, acredita Ricardo Savoia, gerente de estudos de regulação e tarifa da consultoria Andrade&Canellas Energia. Isso não quer dizer, contudo, que as tarifas permanecerão baixas. Afinal, haverá uma revisão tarifária em julho. 

A partir da metade do ano, a redução de custos da energia já poderá dar impulso ao crescimento econômico, diz Savoia. Para os usuários do ACL (Ambiente de Contratação Livre), os resultados são mais difíceis de avaliar. Os preços devem ficar mais voláteis, ao menos de imediato. “Geradoras e comercializadoras resistirão a repassar a redução”, diz Savoia. Por isso, o impacto será pequeno para a indústria, a não ser que o ACL também passe a ter direito a cotas de energia mais barata.

Lucro da CPFL cai 15% no terceiro trimestre 
A CPFL — empresa de energia que atua no interior de São Paulo — obteve um lucro líquido de R$ 321 milhões no terceiro trimestre, redução de 15% sobre igual período de 2011. A queda reflete um resultado financeiro negativo, causado pela alta do endividamento. A receita líquida cresceu 16,8%, para R$ 3,845 bilhões. “Podemos perceber que a política de ampliação do portfólio de geração já está se refletindo no desempenho operacional da companhia”, avaliam analistas da Concordia. As vendas totais de energia somaram 14,2 GigaWatt hora (GWh) no trimestre, alta de 6,2% ante o mesmo período do ano passado.

O destaque foi a CPFL Renováveis, cujas vendas cresceram de 142 GWh para 924 GWh. Sobre a MP 579 de renovação das concessões do setor, executivos da CPFL acreditam que as medidas do governo para o setor de energia terão um impacto limitado em seus números. A empresa afirmou que detém, em sua maioria, concessões de longo prazo, não afetadas pela medida provisória. Segundo relatório do UBS, a empresa obteve uma das mais baixas tarifas de geração, com uma queda de 90% no preço, caso aceite o acordo. Entretanto, no setor de geração, as unidades envolvidas representam menos de 1% da capacidade instalada de seu parque gerador. “Esta-mos com uma exposição baixa, em uma situação que continua bastante confortável”, afirma Wilson Ferreira Junior, presidente da empresa. (Brasil Econômico)

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