O governo conta com a entrada no ano que vem de 4,5 mil MW médios de energia velha no sistema de cotas, mas ainda terá que avaliar qual será a melhor estratégia para evitar um novo impacto financeiro provocado pela descontratação das distribuidoras nos seis primeiros meses de 2015. Com algumas variações, a conta feita por profissionais do setor e pelas próprias distribuidoras mostra que seriam necessários algo em torno de 3,6 mil MW médios para suprir a necessidade de compra de energia, mas o prazo de contratação em um eventual leilão A-1 é um obstáculo para as geradores e pode elevar o preço a pelo menos R$ 400/MWh.
Christopher Vlavianos, presidente da Comerc Comercializadora, calcula em R$ 7 bilhões o custo da exposição involuntária de janeiro a junho, considerando o valor médio do R$ 400/MWh para o Preço de Liquidação das Diferenças e um montante de energia na faixa de 4 mil MW. Esse é o preço negociado atualmente nos contratos do mercado para o ano que vem.
Priscila Lino, diretora técnica da PSR,estima que a esse preço e com um montante descontratado de 3,5 mil MW médios, as distribuidoras teriam que desembolsar R$ 6 bilhões. A conta será ainda maior se o PLD ficar na faixa dos R$ 700/MWh, chegando a R$ 10 bilhoes.
Da energia prevista para entrar nas cotas, 1,5 mil MW seriam agregados no inicio do ano que vem, mas existem ações judiciais da Cemig envolvendo as hidrelétricas de São Simão, Jaguara e Miranda que podem frustrar essa expectativa. Vlavianos lembra que o comportamento do PLD no ano que vem “é uma total incógnita”, assim como é impossível prever o volume de chuvas a partir de novembro. Ele aponta mais uma dificuldade, que é a disponibilidade de energia existente. “Tem negócio saindo para 2015? Tem. Mas 4 mil MW para negociar não tem”, afirma.
Assim como o presidente da Comerc, a diretora técnica da PSR também vê como positiva a entrada do sistema de bandeiras tarifárias, que pode calibrar de um lado a demanda, pela redução do consumo ou ainda gerar a receita necessária para compensar a exposição das distribuidoras no curto prazo. Priscila Lino afirma, no entanto, que seria necessário contratar em leilão pelo menos 500 MW médios. “Independentemente da questão das cotas, tem que ter um A-1 porque, na nossa visão, a demanda é um pouquinho maior que as cotas”, defende. (Agência Canal Energia)
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