Apesar de estar na pauta de discussões estratégicas ao longo de 2009, a energia eólica ainda engatinha no Brasil. O País contribui com apenas 0,3% para a geração mundial desse tipo de energia, bem longe dos líderes Estados Unidos (21%), Alemanha (20%) e Espanha (14%). Estudo da Certel Energia aponta que o Brasil tem capacidade instalada para produzir 107 gigawatts a partir dos ventos, mas finalizará o ano bastante aquém desse potencial ao gerar pouco mais de 0,5 gigawatt. Isenção para importação de equipamentos para parques eólicos e sistemas para aumentar o nível de rentabilidade das turbinas são imprescindíveis para a energia limpa ganhar espaço em território nacional.
A viabilidade econômica da produção de energia eólica no Brasil ainda é muito discutida por especialistas. O custo de produção ainda não avançou de forma a possibilitar a concorrência com as demais fontes de geração de energia. No entanto, o diretor de Relações com Investidores da Multiner – umas das principais geradoras privadas do País -, José Marcos Treiger, diz que os ventos constituem uma grande oportunidade para o Brasil, devendo ser utilizados como fonte complementar à energia elétrica. “O ciclo de ventos se alterna com o ciclo de chuvas de uma região. Então, exatamente quando os reservatórios estiverem baixos, o vento irá compensar e retardar o esvaziamento”.
A tendência do mercado mundial de geração de energia eólica, observa Treiger, é de crescer 25% ao ano. Ele lembra, todavia, que o crescimento poderá ser até maior, dependendo de como a gestão Obama irá estimular a geração de energia limpa nos Estados Unidos, principalmente diante da pressão mundial pela preservação do meio ambiente. A campanha pela produção de energia a partir da força dos ventos tem como principal argumento o baixíssimo impacto socioambiental e o baixo custo de manutenção dos parques eólicos se comparado ao investimento inicial.
Trieger avalia ser essencial que o governo brasileiro facilite a atração de fabricantes de equipamentos para o País. “A fabricação em massa criará novos postos de trabalho e irá estimular a economia”. No momento, a aposta da Multiner está nos ventos potiguares. A criação do parque eólico de Alegria (RN) tem o objetivo de ultrapassar o complexo de Osório (RS) como o principal do Brasil. A qualidade dos ventos de Natal e a proximidade razoável com linhas de transmissão já existentes são consideradas trunfos pelo executivo. Mas até lá, será preciso muito trabalho para ampliar a capacidade logística e a rentabilidade das turbinas eólicas. [Porto Gente]