terça-feira, 31 de janeiro de 2012

AES e Petrobras avançam em negociação para suprimento de gás

O diretor presidente da AES Tietê, Britaldo Soares, disse que está confiante em um entendimento com a Petrobras sobre o fornecimento de gás para o projeto da geradora paulista Termo São Paulo.


As conversas entre AES Tietê e Petrobras sobre o fornecimento de gás para o projeto da geradora paulista Termo São Paulo podem estar próximas de um desfecho. Sem estimar prazo, o diretor presidente da AES Tietê, Britaldo Soares, disse que está confiante em um entendimento. O secretário de Energia do Estado de São Paulo, José Aníbal, é mais otimista e sinaliza que a troca no comando da Petrobras pode até ser positiva nesse sentido, uma vez que, segundo ele, em conversas com Maria das Graças Foster - indicada a presidente da estatal - ela se mostrou interessada em resolver a questão.

Em entrevista à Agência Estado, Soares disse que vem mantendo entendimentos com a Petrobras visando definir o suprimento de gás. "Estamos confiante de que vamos chegar a um bom termo com a Petrobras. Não posso precisar tempo (para o fechamento de um acordo), mas estamos confiantes; é um projeto importante", disse, sem dar detalhes sobre as alternativas que vêm sendo discutidas.

Conforme o secretário de Energia, desde outubro passado, quando a Petrobras informou que não teria gás para fornecer aos projetos cadastrados no leilão A-5 realizado em dezembro, diversas alternativas já foram discutidas entre a estatal e a AES Tietê, como a utilização de gás natural liquefeito (GNL) e até o suprimento de gás ter a contrapartida de a energia gerada pela térmica ser direcionada à própria Petrobras.

Fontes do mercado dizem que a empresa do grupo AES estaria apostando no fornecimento de energia à estatal em troca do gás como forma de superar a dificuldade enfrentada pela Petrobras de conceder contratos de fornecimento de gás aos investidores térmicos interessados em participar dos leilões promovidos pelo governo. Para essas licitações, os empreendimentos precisam apresentar o contrato de suprimento do combustível pelo período de 20 anos e a estatal diz enfrentar dificuldades no cumprimento da exigência sobre as garantias de fornecimento.

De qualquer forma, está praticamente descartada a participação da Termo São Paulo no leilão A-3, marcado para 22 de março, alternativa que chegou a ser indicada pela geradora paulista após a desistência da participação no leilão A-5, realizado em dezembro passado. "Estamos já com a licença prévia, então, prontos para ir a leilão. Falta a resolução da questão do gás", disse Soares. As térmicas cadastradas para o A-3 de março próximo têm até o dia 8 de fevereiro para encaminhar os documentos necessários à habilitação do projeto na licitação, entre os quais o contrato de fornecimento de gás.

A Termo São Paulo é uma termelétrica a gás natural a ser erguida no município paulista de Canas, com investimento estimado em R$ 1,1 bilhão. A usina está prevista para ter 550 megawatts de potência, com um consumo de aproximadamente 2,5 milhões de metros cúbicos diários de gás. O principal entrave à obra atualmente é o fornecimento de combustível. A construção do projeto permitiria à AES Tietê cumprir a obrigação assumida junto ao governo de São Paulo por ocasião da compra da Cesp Tietê, em 1999, de expandir em 15% a capacidade instalada da geradora, o corresponde a 400 MW. O prazo previsto no edital de privatização para o cumprimento dessa exigência se encerrou em dezembro de 2007.

Duque - Além da AES Tietê, quem também tem obrigação de ampliar a capacidade instalada no Estado de São Paulo por exigência de edital de privatização é a Duke Energy. A companhia pretende construir a térmica Pederneiras, de 500 MW de capacidade, no município paulista de Pederneiras, com uma previsão de consumo de gás de aproximadamente 2,2 milhões de m?/d quando operar a plena capacidade. O projeto já dispõe da licença ambiental exigida para participar dos leilões da Empresa de Pesquisa Energética (EPE), tendo inclusive cadastrado a usina no leilão A-3 do próximo mês de março. A empresa informou, no entanto, que não participará do certame porque não obteve o contrato para o fornecimento do insumo. A empresa havia solicitado o suprimento à Gas Brasiliano, distribuidora de gás controlada pela Petrobras que atua no interior de São Paulo.