terça-feira, 26 de agosto de 2014

Geradores tentam posição conjunta sobre exposição no curto prazo

Representantes de associações do setor vão se reunir na tentativa de fechar uma proposta conjunta sobre o tratamento a ser dado à exposição no curto prazo, resultante da produção de energia abaixo da garantia física das usinas. Estudos sobre o tema foram encomendados por Abragel (pequenas centrais hidrelétricas), Apine (produtores independentes) e Abiape (autoprodutores de energia), mas a complexidade de cenários e a disparidade de resultados podem dificultar qualquer tentativa de convencimento do governo sobre a necessidade de medidas para cobrir o prejuízo.

A exposição dos geradores será tratada de forma mais geral durante a reunião do Fórum das Associações do Setor Elétrico na próxima quinta-feira, 28 de agosto. Mas o assunto será tratado de maneira mais aprofundada na segunda, 2 de setembro, em encontro exclusivo das entidades de geração em Brasília. Presidente da Abiape e coordenador do fórum, Mário Menel explica que os estudos abrangem três aspectos. O primeiro é a quantificação do valor envolvido, que depende do cenário de preços até o fim do ano; o segundo, a questão legal; e o terceiro, o aspecto regulatório. 

Os geradores nunca chegaram a apresentar, de fato, um número fechado de quanto pode chegar a despesa adicional para cumprimento dos contratos de comercialização até o fim do ano. Única entre as associações a não contratar uma avaliação externa, a Abrage estima que o custo mensal entre os segmentos que compartilham o risco hidrológico dentro do Mecanismo de Realocação de Energia varia de R$ 1,5 bilhão a 1,8 bilhão, o que inclui a energia das usinas renovadas em sistema de cotas, que tiveram o risco transferido para as distribuidoras. 

No caso das usinas com concessões prorrogadas, o risco hidrológico é assumido pelas concessionárias de distribuição e repassado depois para o consumidor na tarifa de energia. Para os outros empreendimentos do MRE, esse risco é bancado pelo gerador.Para o presidente da Abrage, Flávio Neiva, é necessário definir o alcance e persistência do problema. Fora Itaipu, metade dos demais geradores está exposta e metade não foi afetada, porque tinha sobra de energia não contratada. Com a alta do Preço de Liquidação das Diferenças, geradores nessa situação têm lucrado com a venda de energia pelo preço de curto prazo.. 

A estratégia de convencimento para uma eventual ajuda aos geradores só será bem sucedida se eles conseguirem desmontar com argumentos consistentes a avaliação do governo e da Agência Nacional de Energia Elétrica de que a exposição é um risco do negócio. O diretor-geral da Aneel, Romeu Rufino, argumenta que, ao contrário dos distribuidores, os geradores têm flexibilidade para administrar seus contratos.

Para a distribuição, a ajuda destinada à cobertura da exposição involuntária com a compra de energia no curto prazo para suprir a descontratação em 2014 virá de aporte menor do Tesouro e, em grande parte, de recursos negociados com bancos públicos e privados. Mas existe um valor estimado de R$ 1,8 bilhão da exposição das cotas no MRE que os distribuidores tentam negociar com o governo. (Agência Canal Energia)
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