Os grandes consumidores de energia, representados pela Associação Brasileira de Grandes Consumidores Industriais de Energia e de Consumidores Livres (Abrace), e a Confederação Nacional da Indústria (CNI) formaram um grupo para discutir como implementar ações de eficiência energética no setor produtivo brasileiro. O grupo, formado por cerca de 15 pessoas, está na primeira fase de trabalho para levantar quanto a indústria poderia contribuir com a redução no consumo de energia - tanto elétrica, com base nas metas do Plano Nacional de Eficiência Energética, quanto de combustível. Entre as propostas que podem ser viáveis está a de o governo promover redução de encargos na conta desde que as empresas apliquem este mesmo valor em ações para consumir menos.
Segundo o especialista em energia elétrica da Abrace, Helder Sousa, o grupo está debruçado sobre três encargos: a Contribuição de Desenvolvimento Energético (CDE), a Reserva Global de Reversão (RGR) e Pesquisa& Desenvolvimento (P&D). Apesar disso, ele indica que a maior perspectiva é de redução do primeiro dessa lista em razão de os outros já terem sua aplicação para uso mais eficiente. Para se ter uma ideia, o impacto desses três encargos na conta de energia elétrica da indústria somou R$ 6,3 bilhões no ano passado.
"O problema para a grande indústria é que existe um limite de endividamento e hoje as empresas estão alavancadas em função de aquisições: quando elas veem a possibilidade de um projeto de expansão de produção com o payback em dois anos e um projeto onde a economia de energia se paga em cinco anos, a opção vai ser óbvia", afirmou Sousa. " Com a nossa proposta isto deixaria de acontecer e levaria os recursos carimbados para eficiência energética", completou.
Apesar disso, o especialista ressaltou que os trabalhos ainda estão em fase inicial e que o grupo pretende encerrar a primeira fase ainda este ano. Essa etapa do processo consiste em levantar e quantificar os impactos técnicos e econômicos desse projeto. Em um segundo momento a perspectiva é de definir a metodologia de medição de economia e de emissão de gases de efeito estufa e como aplicá-la no mercado.
Dá para ter uma ideia do impacto desse trabalho para o País ao se analisar a participação da indústria no consumo energético brasileiro. Somente as cerca de 50 associadas à Abrace são as responsáveis por 20% de toda a demanda nacional. Quando se olha para toda a indústria, disse Sousa, vê-se claramente que esta classe de consumo será a grande indutora do alcance das metas. Segundo dados da entidade, o consumo energético total do setor industrial corresponde a 40% do mercado nacional.
"Se considerarmos a demanda total de energia, incluindo o uso de transportes, o indicador cai um pouco, mas mesmo assim é de 30,4%", afirmou Sousa.
Apesar de o governo sinalizar com a perspectiva de estabelecer as metas de redução de consumo em breve, a Abrace lamenta a falta de pessoal para acelerar a definição das regras de uma política mais eficiente.
Com esse patamar de definições, continuou ele, a Abrace ainda precisa estudar a possibilidade de adotar medidas previstas. Há outro problema nesse contexto: o grupo do governo foi criado com diversos órgãos e universidades, do setor acadêmico, mas não há representante do setor industrial.
Por este motivo ele questiona como um grupo que não possui um só representante do setor que mais tem para contribuir para a redução no consumo de energia pode definir as metas para a indústria. Sem contar ainda com as metas para tratar de todos os assuntos nesse programa como o Reluz, para a iluminação pública, programa de eficiência em edificações. O próprio consumo residencial e comercial por meio do Procel, é um problema bem grande.
"Não estou dizendo que dará errado, mas seria mais eficiente [ter um representante da indústria], contaria com uma força maior se houvesse um grupo distinto para cada um desses grupos de trabalho", indicou ele. "O governo precisa acelerar o processo", cobrou.
Apesar dessa cobrança, Sousa afirmou que a associação tem um diálogo aberto com o governo. Um exemplo é que as autoridades atenderam a maior parte das solicitações do setor dos grandes consumidores quando da formatação do PNEf. "O governo considerou os aprimoramentos que visam a questão térmica", apontou Sousa.
Além do governo, Sousa destaca que a cultura empresarial -mas não somente das grandes corporações- está mudando. O tema de utilizar mais eficientemente a energia elétrica começa a entrar no foco das companhias. Muitas delas já adotam gerências e até mesmo diretorias para tratar do assunto. Dentre as vantagens de atender as metas desses programas, está a de redução do impacto do insumo sobre os custos de produção. Empresas como, por exemplo, as siderúrgicas, são grandes consumidores, mas nenhum como as empresas produtoras de alumínio, que possuem até 60% de seu custo atrelado à energia elétrica consumida, fato que eleva a competitividade das empresas no caso de economia de energia. (DCI - Autor: Maurício Godoi)
Segundo o especialista em energia elétrica da Abrace, Helder Sousa, o grupo está debruçado sobre três encargos: a Contribuição de Desenvolvimento Energético (CDE), a Reserva Global de Reversão (RGR) e Pesquisa& Desenvolvimento (P&D). Apesar disso, ele indica que a maior perspectiva é de redução do primeiro dessa lista em razão de os outros já terem sua aplicação para uso mais eficiente. Para se ter uma ideia, o impacto desses três encargos na conta de energia elétrica da indústria somou R$ 6,3 bilhões no ano passado.
"O problema para a grande indústria é que existe um limite de endividamento e hoje as empresas estão alavancadas em função de aquisições: quando elas veem a possibilidade de um projeto de expansão de produção com o payback em dois anos e um projeto onde a economia de energia se paga em cinco anos, a opção vai ser óbvia", afirmou Sousa. " Com a nossa proposta isto deixaria de acontecer e levaria os recursos carimbados para eficiência energética", completou.
Apesar disso, o especialista ressaltou que os trabalhos ainda estão em fase inicial e que o grupo pretende encerrar a primeira fase ainda este ano. Essa etapa do processo consiste em levantar e quantificar os impactos técnicos e econômicos desse projeto. Em um segundo momento a perspectiva é de definir a metodologia de medição de economia e de emissão de gases de efeito estufa e como aplicá-la no mercado.
Dá para ter uma ideia do impacto desse trabalho para o País ao se analisar a participação da indústria no consumo energético brasileiro. Somente as cerca de 50 associadas à Abrace são as responsáveis por 20% de toda a demanda nacional. Quando se olha para toda a indústria, disse Sousa, vê-se claramente que esta classe de consumo será a grande indutora do alcance das metas. Segundo dados da entidade, o consumo energético total do setor industrial corresponde a 40% do mercado nacional.
"Se considerarmos a demanda total de energia, incluindo o uso de transportes, o indicador cai um pouco, mas mesmo assim é de 30,4%", afirmou Sousa.
Apesar de o governo sinalizar com a perspectiva de estabelecer as metas de redução de consumo em breve, a Abrace lamenta a falta de pessoal para acelerar a definição das regras de uma política mais eficiente.
Com esse patamar de definições, continuou ele, a Abrace ainda precisa estudar a possibilidade de adotar medidas previstas. Há outro problema nesse contexto: o grupo do governo foi criado com diversos órgãos e universidades, do setor acadêmico, mas não há representante do setor industrial.
Por este motivo ele questiona como um grupo que não possui um só representante do setor que mais tem para contribuir para a redução no consumo de energia pode definir as metas para a indústria. Sem contar ainda com as metas para tratar de todos os assuntos nesse programa como o Reluz, para a iluminação pública, programa de eficiência em edificações. O próprio consumo residencial e comercial por meio do Procel, é um problema bem grande.
"Não estou dizendo que dará errado, mas seria mais eficiente [ter um representante da indústria], contaria com uma força maior se houvesse um grupo distinto para cada um desses grupos de trabalho", indicou ele. "O governo precisa acelerar o processo", cobrou.
Apesar dessa cobrança, Sousa afirmou que a associação tem um diálogo aberto com o governo. Um exemplo é que as autoridades atenderam a maior parte das solicitações do setor dos grandes consumidores quando da formatação do PNEf. "O governo considerou os aprimoramentos que visam a questão térmica", apontou Sousa.
Além do governo, Sousa destaca que a cultura empresarial -mas não somente das grandes corporações- está mudando. O tema de utilizar mais eficientemente a energia elétrica começa a entrar no foco das companhias. Muitas delas já adotam gerências e até mesmo diretorias para tratar do assunto. Dentre as vantagens de atender as metas desses programas, está a de redução do impacto do insumo sobre os custos de produção. Empresas como, por exemplo, as siderúrgicas, são grandes consumidores, mas nenhum como as empresas produtoras de alumínio, que possuem até 60% de seu custo atrelado à energia elétrica consumida, fato que eleva a competitividade das empresas no caso de economia de energia. (DCI - Autor: Maurício Godoi)
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