terça-feira, 3 de março de 2015

Revisão extraordinária será capaz de restabelecer equilíbrio no caixa das distribuidoras

O aumento médio de 23,4%, resultante da revisão tarifária extraordinária das distribuidoras, ficou próximo do índice esperado pelas empresas para restabelecer o equilíbrio de caixa a partir desse ano. Ficaram fora do cálculo da Agência Nacional de Energia Elétrica componentes financeiros acumulados da chamada Parcela A da tarifa, que deverão ser incorporados aos índices de reajuste tarifários anuais ao longo de 2015.

“Não era um conta difícil de ser feita, porque os valores da Conta de Desenvolvimento Energético, da energia de Itaipu e da tarifa do último leilão de ajuste já eram conhecidos”, explicou Nelson Leite, presidente da Associação Brasileira de Distribuidores de Energia Elétrica, à Agência CanalEnergia. Os índices de revisão aprovados pela Aneel na ultima sexta-feira, 27 de fevereiro, aumentaram as tarifas de 58 das 63 concessionárias de distribuição a partir desta segunda, 2 de março.

Nas regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste, o aumento médio com a revisão será de 28,7%, com 29,3% para os clientes do grupo A e 24,6% para os do grupo B. No Norte e no Nordeste, o efeito médio a ser percebido pelos consumidores será de 5,5%, com 6,6% em média na alta tensão e 4,8% médios para a baixa tensão.

Leite informou que as empresas vão calcular agora o quanto terão de pagar da liquidação de janeiro, que será feita em 10 de março, mas prevê algum aperto nas operações de curto prazo. “Depende do que já está na tarifa e o que vai entrar de arrecadação das bandeiras tarifárias”, disse. Assim como em janeiro, em fevereiro a cota da CDE será mais baixa. Com a aplicação da RTE, a partir de março, as despesas mensais do fundo começam a ser custeadas imediatamente pelo consumidor via tarifa.

O executivo da Abradee não soube informar o total da CVA (Conta de Variação dos Valores de Itens da Parcela A) acumulada no ano passado, mas lembrou que algumas empresas tinham diferenças significativas a receber, referentes à variação dos contratos de energia. Em maio, por exemplo, as distribuidoras tiveram que pagar R$ 450 milhões relativos a esse custo, porque não havia cobertura da Conta de Desenvolvimento Energético. A despesa acabou não sendo incluída no cálculo da RTE, o que adiou o ressarcimento às distribuidoras.

“A Aneel colocou uma CVA da ordem de 15% do Ebitda das empresas, que ela considera razoável. Só que, historicamente, CVA varia de 6% a 8% acumulado para mais ou para menos”, ponderou o executivo. O impacto poderá ser maior para quem tem reajuste no fim do ano e um valor maior receber. (Canal Energia)
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