quinta-feira, 2 de junho de 2011

Cemig negocia a compra da empresa de transmissão Abengoa por R$ 1 bi

As conversas entre as duas empresas estão em fase avançada, segundo fontes que acompanham a operação; se for concretizada, será a segunda grande aquisição da Cemig no segmento de transmissão, um dos mais rentáveis do setor de energia. A Taesa, empresa de transmissão de energia elétrica controlada pela Cemig, está em negociações avançadas para a compra do controle da espanhola Abengoa no Brasil. De acordo com fontes próximas, a operação está perto de ser fechada e a Taesa desembolsaria algo em torno de R$ 1 bilhão, segundo apurou o "Estado". Procuradas, as empresas não quiseram se pronunciar.

A negociação reafirma a estratégia agressiva da Cemig, que pretende se firmar como uma das maiores empresas de energia do País. Controlada pelo governo de Minas Gerais e com o grupo Andrade Gutierrez como um dos principais acionistas, nos últimos anos a Cemig comprou a Light, distribuidora do Rio de Janeiro, e a empresa de transmissão Terna, com atuação em onze Estados - que hoje se chama Taesa e quer o controle da Abengoa.

A espanhola Abengoa passou a investir no Brasil cerca de dez anos atrás, na fase em que o País abriu o setor elétrico à iniciativa privada. Na área de transmissão, em que é mais forte, a empresa tem hoje 11 concessões em operação, totalizando mais de 4 mil quilômetros de linhas. Tem, além disso, duas unidades de produção de etanol. De acordo com fontes de mercado, a crise europeia fragilizou a Abengoa, que decidiu vender ativos para fazer caixa. No ano passado, aqui no Brasil, a empresa já tinha vendido alguns ativos na área de transmissão para a chinesa State Grid International.

A importância da área de transmissão de energia nas operações da Cemig vem aumentando desde a compra da Terna, dois anos atrás, por mais de R$ 3 bilhões. Apenas com essa aquisição, a rede da empresa atingiu mais de 8 mil quilômetros de extensão, o que ampliou sua participação no mercado de transmissão de energia elétrica de pouco mais de 5% para quase 13%. Se fechar negócio com a Abengoa, dará um novo salto.

Nos últimos anos, o sistema de transmissão brasileiro cresceu 28 mil quilômetros, atingindo 95 mil quilômetros. É um dos negócios mais rentáveis do setor elétrico, porque as concessionárias de transmissão têm uma renda fixa por um tempo determinado. Ou seja, o risco do negócio é baixíssimo.Em abril, a Taesa anunciou que prepara uma nova oferta pública de ações. O objetivo é aumentar o número de ações em circulação na Bolsa, de 4% para 25%.

Ebulição. O movimentos da Cemig confirma a fase de ebulição em que se encontra o setor brasileiro de energia. Em fase de consolidação, operações de compra e venda de empresas, nos mais diferentes segmentos do setor energético, ganharam impulso.  No começo do ano, os espanhóis da Iberdrola compraram a Elektro no Brasil. Em abril, a CPFL anunciou a aquisição da Ersa, criando uma nova empresa especializada em energia renovável. Esta semana, um consórcio de investidores brasileiros comprou 80% da Tecsis, de Sorocaba (SP), segunda maior fabricante de pás eólicas do mundo. (O Estado de S. Paulo)