sexta-feira, 14 de setembro de 2012

Comercializadoras vão ter dias difíceis

A provável redução do mercado livre de energia no país deve criar um problema para as comercializadoras, que vinham se expandindo de forma acelerada nos últimos cinco anos. Para o presidente da Associação Brasileira dos Comercializadores de Energia (Abraceel), Reginaldo de Medeiros, é esperado que o setor passe por um processo de fusões e aquisições. Para sobreviverem, elas terão de buscar outros nichos de mercado, avalia. 


"O Brasil está na contramão da tendência mundial. Todos os países estão abandonando o mercado regulado porque descobriram que o mercado livre é a melhor forma de promover uma redução de preços", disse Medeiros. 

O governo fez o que as comercializadoras de energia mais temiam: "itaipuzou" a energia "velha", que é gerada pelas hidrelétricas mais antigas instaladas no país. O apelido refere-se ao procedimento que foi adotado para a usina de Itaipu, inaugurada em 1984, cuja energia foi destinada para as distribuidoras na época, por meio de cotas. 

O mesmo vai acontecer com a energia das antigas hidrelétricas, cujas concessões serão, agora, renovadas por mais 30 anos. Essas usinas geram 22 mil MW, que serão destinados somente para o mercado cativo das distribuidoras, também por meio de cotas. Segundo a Medida Provisória que regulamentou o assunto, os consumidores livres não terão direito a nenhuma parte dessa produção. 

Como essa energia "velha" será muito mais barata que a vendida atualmente no ambiente livre, os grandes consumidores terão de voltar ao mercado cativo para se beneficiar dos preços mais baixos. 

As geradoras terão de vender a energia das hidrelétricas antigas por um preço muito próximo do valor de custo, que é estimado entre R$ 30 MWh e R$ 45 MWh pelos analistas de investimentos. No mercado livre, o MWh custa por volta de R$ 110. 

Mas a migração dos consumidores do mercado livre para o cativo não será tão simples, afirma o presidente da Abraceel. "Os contratos no mercado livre têm um prazo, em média, de cinco anos. Os consumidores só poderão migrar para o cativo ao término dos contratos", afirma. Durante esse período, diz Medeiros, os consumidores livres não poderão se beneficiar da redução dos preços da energia "velha".