quinta-feira, 23 de fevereiro de 2012

Aumentam os investimentos em pequenas centrais hidrelétricas


A busca por fontes renováveis de energia com baixo impacto ambiental vem ganhando lugar nas pautas de investimentos. Em São Paulo, por exemplo, a Empresa Metropolitana de Águas e Energia (Emae), vinculada à Secretaria de Energia, anunciou a construção de uma Pequena Central Hidrelétrica (PCH) em Pirapora de Bom Jesus, na região Metropolitana da Grande São Paulo, com investimentos de R$ 123 milhões.

O objetivo, segundo o secretário adjunto da Secretaria de Energia do Estado de São Paulo, Ricardo Achilles, é aumentar a capacidade de geração do Estado — estagnada desde 2003 e que já conta hoje com 46 PCHs. “Importamos 60% de toda a energia que consumimos. Por conta disso, a PCH está basicamente alinhada à visão de futuro do setor, que é aumentar o abastecimento de todo o Estado”, explica Achilles.

Além do aumento da geração de energia, a construção dessa PCH, segundo Achilles, será usada também como uma vitrine para atrair investimento privado. Visão essa considerada pertinente, segundo o professor Geraldo Lúcio Tiago Filho, da Universidade Federal de Itajubá, considerada centro nacional de referências em PCHs. “Esse tipo de energia renovável oferece oportunidades no fomento de geração de empregos na área industrial local onde a pequena central será construída”, diz.

Atualmente existem no Brasil 420 PCHs, que geram 3.853.507 kilowatt hora com participação de 3,30% na cadeia nacional de abastecimento de energia, segundo dados da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel). Investidores em PCHs têm a oportunidade de possuir uma central energética particular para seu autoabastecimento, além de poder oferecer energia para empreendimentos voltados ao mercado regulado — participantes de leilões — e mercado livre, voltado aos consumidores maiores — os que têm capacidade de comprar energia.

Apesar do esforço do governo em chamar a atenção para novos investimentos nesta fonte renovável, seu alto custo acaba sendo um entrave a sua expansão. O megawatt-hora gerado por uma PCH tem um custo médio que varia de R$ 125 a R$ 130, enquanto o da usina eólica - principal concorrente — é de apenas R$ 100. Além de um valor mais baixo, as fontes eólicas dispõem de algumas vantagens fiscais como isenção do ICMS, o que dificulta ainda mais a competitividade do outro modelo. “Em muitos casos, esse valor maior da geração megawatthora das PCHs acaba até não sendo rentável para as usinas. O mercado indica algo em torno de R$ 145”, explica o presidente-executivo da Associação Brasileira dos Grandes Consumidores de Energia (Abrace), Paulo Pedrosa, lembrando que durante este período as fontes eólicas vivenciaram mudança de paradigma, tendo uma construção padronizada.

A viabilidade e rentabilidade das PCHs vai depender muito do projeto e local de sua instalação para comercialização da energia. “A energia que a PCH utiliza é da água, que vem da quantidade e altura que ela cai. As PCHs que tem mais altura possuem mais energia por volume de água”, explica o especialista, destacando que apesar das dificuldades, o investimento é válido por conta de as instalações serem menores, o que as torna mais baratas. (Brasil Econômico)

Leia também: