quinta-feira, 23 de fevereiro de 2012

Ritmo de aumento da geração no Brasil cai 30% em 2011

A capacidade de geração de energia elétrica no Brasil aumentou 4,2% em 2011 quando comparado ao registrado em 2010. Segundo relatório da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) e divulgado ontem, o País encerrou o ano passado com 117,134 gigawatts (GW) de potência, contra os cerca de 112,4 GW de um ano antes. Dentre as fontes que mais entraram em operação, as termoelétricas lideraram com a metade da expansão. Foram 2,125 GW de usinas de geração térmica (UTE), divididas entre unidades movidas a combustível fóssil, como gás e carvão (1,206 GW), e a biomassa (919,05 MW).

No total, o Brasil agregou 4,199,3 GW à matriz elétrica nacional, desses, 1,142,8 GW são de hidroelétricas, 432,7 MW de pequenas centrais hidroelétricas (PCH) e 498,3 MW de eólicas. A energia das hidroelétricas predomina e responde por 66,91% da capacidade instalada do país, seguida das termoelétricas, com 26,67%, e das pequenas centrais hidrelétricas, com 3,3%. Compõem ainda a matriz 1,71% de potência de usinas nucleares, 1,22% de eólicas e 0,18% das centrais geradoras.

De acordo com a agência reguladora do setor elétrico, desde 2001 a matriz elétrica nacional cresceu 56,4% passando de 74,876 GW para a capacidade atual. A meta do governo federal é de acelerar o ritmo de implantação dos projetos de geração de energia. Tanto que a previsão atual é de que a capacidade instalada em 2019 alcance 146,614 GW. Se essa previsão se confirmar, será um crescimento de mais de 25% em comparação ao fechamento de 2011.

A expansão de novos projetos de geração de eletricidade no Brasil ficou bem abaixo do que foi registrado em 2010. Naquele ano, o maior em termos de novos projetos que iniciarão a operação comercial, foram adicionados ao Sistema Interligado Nacional (SIN) 6,149 GW, fato que indica uma queda de quase 32% no ritmo de investimentos.

Porém, a Aneel está otimista com 2012 e aposta em um novo recorde de entrada em operação de nova capacidade de geração. A agência traçou dois cenários para o período de janeiro a dezembro e em ambos, se alcançadas as metas, representarão - no mínimo - um crescimento de 106% sobre a expansão do ano passado. A perspectiva é de que o SIN tenha mais 8,688 GW de energia nova no cenário mais conservador e 9,990 GW no mais otimista que se alcançado levaria a um aumento de 138% sobre a capacidade nova adicionada ao sistema elétrico nacional.

Hidroelétricas - A maior parcela dessa expansão considerando apenas os projetos onde não há restrições para entrada em operação das usinas será de hidroelétricas. Do total de 29,479 GW que se encontram nessa situação no momento, cerca de 70% são de empreendimentos hídricos que passam de 30 MW de potência instalada. Somando abaixo dessa capacidade, que são as Pequenas Centrais Hidrelétricas (PCHs), o percentual sobe um pouco, para 71,5% da expansão que apresenta maior potencial de viabilidade.

Apesar dessa expectativa positiva pela hidroeletricidade, em 2012 a matriz brasileira continuará a tendência de ficar mais suja, ou seja, ter mais termoelétricas. A perspectiva é de que entrem em operação 4,733 GW de capacidade termoelétrica nova. Uma das maiores usinas é a de Porto do Pecém I (720 MW), parceria entre a EDP e a MPX Energia.

Já entre as hidroelétricas a potência estimada para entrar em operação é de 3,036 GW sendo que o maior volume deverá ser adicionado pela usina Santo Antônio, que terá 3,150 GW de potência total quando estiver pronta, em maio de 2015 e poderá atender a cerca de 11 milhões de residências de consumo médio de 148 kWh ao mês.

Neste ano, por enquanto, a previsão é de que o empreendimento coloque em operação cerca de 15 turbinas (somando 1,072 GW) das 44 que formarão a usina. A Santo Antônio Energia é formada pela sociedade entre a Eletrobras Furnas, Odebrecht, Cemig, Andrade Gutierrez, Banif e o FI-FGTS.

A hidrelétrica faz parte do complexo do Madeira que tem ainda a usina de Jirau, cerca de 120 quilômetros rio acima e que terá capacidade instalada de 3,450 GW e deverá entrar em operação no final deste ano com mais 600 MW de potência.

A virada a favor da hidroeletricidade se dará apenas em 2013. De acordo com os dados da Aneel, nesse ano serão mais 3 GW de novo potencial no sistema nacional contra pouco mais de 1 GW térmico que terá cada vez menos participação devido a restrições nos leilões anuais promovidos pela Aneel. O relatório da agência indica que há 17,277 GW em projetos com restrições e 4,434 GW onde há restrições graves. (DCI)


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