terça-feira, 13 de novembro de 2012

Pinga-Fogo Setor Elétrico: Light, Eletrobras e Cesp

Light afirma que a MP 579 paralisa as negociações 
O diretor de energia da Light, Evandro Vasconcelos, afirmou que a Medida Provisória 579 causou uma "paralisia no mercado". Segundo o diretor, algumas negociações que estavam em andamento foram paralisadas até que os agentes do mercado entendam exatamente o que vai acontecer no setor elétrico. "Todo mundo está agora esperando o que se consolida da MP [579] realmente", disse Vasconcelos, durante teleconferência com investidores e analistas sobre os resultados financeiros da empresa para o terceiro trimestre do ano. A afirmação foi feita a um analista de mercado que questionou uma possível renegociação de contratos de venda de energia firmados entre a Light e consumidores livres antes de estourar a crise internacional de 2008. O problema é que antes da crise internacional a Light fechou contratos de venda de energia no mercado livre com preços "bem mais altos", nas palavras do analista, do que tem contratado atualmente. "Perspectivas de renegociação há, claro que há", revelou Vasconcelos. Segundo o diretor, a redução dos preços dos contratos pode acontecer caso os consumidores estejam dispostos a demandar mais energia. (Valor) 

Eletrobras alerta sobre prejuízos bilionários 
A proposta do governo para a renovação das concessões do setor elétrico definida na MP 579 tem efeitos devastadores sobre a Eletrobras, a principal empresa no setor no Brasil. A empresa informa ao governo que a proposta, nos moldes oferecidos, levaria a um prejuízo de R$ 11,146 bilhões já em 2012 devido ao não reconhecimento, no balanço, da diferença entre o valor contábil dos ativos afetados e os valores reconhecidos para indenização. "Tal resultado representará neste ano uma rentabilidade negativa da ordem de 18%. Observa-se ainda que, nesse período do cenário considerado (até 2021), a empresa poderá registrar prejuízos nos próximos cinco anos". Já em 2013 o Ebtida terá redução de R$ 6,7 bilhões, ficando perto de zero, diz a empresa. Nessa condição, informou a Eletrobras ao governo no documento, a companhia ficará incapacitada de "fazer a contrapartida dos seus investimentos, cumprir com o pagamento das dívidas e dos dividendos". No documento, a Eletrobras apresentou quatro cenários. No terceiro, o mais próximo da proposta de renovação feita pelo MME, foi considerada tarifa de geração de R$ 30 por megawatts/hora (MWh) - acima da média de R$ 27 apresentada em novembro - redução de 79% na tarifa de transmissão a partir de janeiro de 2013 e pagamento de R$ 14 bilhões. Também foi considerado o não reconhecimento dos investimentos no sistema de transmissão antes de 2000 e a continuação dos investimentos. Aparentemente em todos os cenários a estatal precisará de uma capitalização já que a empresa informa que a realização dos investimentos previstos nos cenários "depende necessariamente de capitalização remanescente". O documento foi encaminhado ao ministro interino de Minas e Energia, Marcio Zimmermann, por meio do Conselho Superior da Eletrobras (Consise). (Valor) 

Saída de diretor afeta desempenho da Cesp 
A renúncia do diretor financeiro da Cesp, na última sexta-feira, mesmo dia em que a geradora de energia divulgou seu resultado tri-mestral, foi muito mal recebida pelo mercado. Os papéis da companhia caíram 6,52% na bolsa. Para o UBS, a saída do diretor financeiro da empresa sugere o risco de que a empresa aceite os termos negativos da renovação antecipada e condicionada de concessões do setor elétrico. Para o analista Miguel F. Rodrigues, do Morgan Stanley, o mercado pode ter entendido que a renúncia do diretor financeiro é um sinal de que não há consenso na Cesp sobre a decisão de renovar ou não as concessões, trazendo mais pressão sobre as ações da companhia. “Embora a rejeição da renovação das concessões pareça ser a alternativa mais atrativa para a Cesp, não podemos descartar um cenário em que a empresa aceite a renovação, refletido em nosso pior cenário, no qual vemos uma baixa de 50% no nosso cenário base de preço de R$ 18 por ação”, escreveu Rodrigues em relatório. Na sexta-feira, a Cesp anunciou a saída de seu diretor financeiro e de Relações com Investidores, Vicente K. Okazaki. O motivo da renúncia não foi informado. (Brasil Econômico)

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