Brasília - A Light, distribuidora e geradora de energia que tem a estatal mineira Cemig como principal acionista, vai entrar na sociedade investidora da usina hidrelétrica de Belo Monte. A empresa vai assumir 5% hoje pertencentes a pequenas construtoras que compõe o capital da controladora Norte Energia e com isso se comprometer com investimentos de cerca de R$ 1,5 bilhão. Sem aplicar a correção em alguns contratos, o investimento total da usina está previsto em R$ 26 bilhões.
Com a entrada da Light, a nova formação de Belo Monte fica totalmente diferente da configuração resultante do leilão no ano passado e muito mais robusta, como desejava o governo federal. Neoenergia, Vale, os fundos de pensão Petros e Funcef, além da Eletrobras e suas subsidiárias, compõem hoje o capital da empresa. Apenas duas construtoras terão participação como investidoras: Queiroz Galvão e OAS. Todas as outras, Contern, Serveng, Cetenco, Galvão Engenharia, J. Malucelli e Mendes Junior, deixam a sociedade. Juntas elas detém 7,5% do consórcio: 5% vão para a Light e 2,5%, para o fundo de pensão dos funcionários da Caixa Econômica Federal (Funcef).
A Cemig não entrou diretamente na sociedade porque a ideia é manter o caráter privado do empreendimento. Apesar de a estatal ser a controladora da Light, a empresa tem a maior parte do capital na mão de um fundo de investimentos criado para financiar a aquisição da companhia pela Cemig. Mesmo não usando sua marca diretamente, a entrada dos mineiros nesse que é o principal projeto do governo federal - defendido pessoalmente pela presidente Dilma Rousseff, que ontem mesmo em sua coluna "Conversa com a Presidenta", publicada em alguns jornais, tocou no assunto - dá chancela política importante ao empreendimento, já que o governo de Minas, dono da Cemig, é comandado por Antonio Anastasia, do PSDB.
Uma fonte importante ligada às negociações lembra, entretanto, que a "costura" da negociação passou pela Andrade Gutierrez, que lidera a construção da usina, e tem mais de 30% do capital da Cemig. Além disso, a empreiteira já havia manifestado sua vontade de participar também como investidora da usina, que agora deterá indiretamente. Para a Light, a participação em Belo Monte vai representar um crescimento de 65% em sua capacidade instalada, saltando de 855 MW no final de 2010 para 1.400 MW quando a usina estiver em pleno funcionamento. Em termos de energia assegurada, serão acrescentados à empresa 220 MW médios.
A Light informou que não iria se pronunciar sobre o assunto, nem o Norte Energia. Mas o anúncio oficial da entrada da companhia deve ocorrer nos próximos dias e encerra a novela societária em torno de Belo Monte. Chegou-se a cogitar que a Neoenergia elevasse sua participação no empreendimento e a ideia estava sendo construída pelo presidente da empresa, Marcelo Correa. Mas a Previ, acionista junto com o grupo espanhol Iberdrola, vetou o negócio. Entre os motivos estava o fato de que o fundo acabaria mais exposto ao projeto que seus pares, Petros e Funcef, e ainda que não teria nenhuma vantagem como um poder maior na sociedade que os outros sócios, como uma nova diretoria ou um assento no conselho de administração. (Valor Econômico)
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