Apesar da pressão sobre a Eletropaulo, a situação da distribuidora em relação à frequência e à duração das interrupções de energia não é nem de longe a pior entre as concessionárias. A companhia não aparece na lista das 18 empresas da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) com as maiores médias de Duração Equivalente de Interrupção por Unidade Consumidora (DEC) e Freqüência Equivalente de Interrupção por Unidade Consumidora (FEC), liderada pela Celpa. O órgão regulador registrou 105 horas, em média, de interrupção no fornecimento da distribuidora da Rede Energia no Pará em 12 meses até maio. Nada menos que 58 interrupções.
Na Eletropaulo foram 6 interrupções, somando 10 horas. O fornecimento de energia não tem sido o único sinal das distribuidoras de que o atendimento prestado à população precisa ser revisto. Esta semana, em menos de 24 horas explodiram seis bueiros da rede subterrânea de distribuição de energia no Rio de Janeiro, sob concessão da Light. Em razão do incidente, o Ministério Público decidiu multar a companhia em R$ 100 mil por qualquer explosão em bueiros que provocaremdanos ao patrimônio ou lesões e mortes. Falta manutenção Para o coordenador do Grupo de Estudo do Setor de Energia Elétrica da Universidade Ferderal do Rio de Janeiro (UFRJ), Nivalde José de Castro, os problemas enfrentados hoje por essas companhias não são consequência de falta de investimento, mas de manutenção.
Segundo o professor, desde o período pósprivatização, algumas distribuidoras passaram a economizar em manutenção para oferecer maior ganho aos acionistas. "Não é necessariamente um problema das gestões atuais, mas uma preocupação técnica acaba virando financeira", avalia. Para Castro, um dos fatores que acaba transformando problemas pontuais em "bolas de neve" é a atual metodologia aplicada pela Aneel para avaliar o desempenho das concessionárias de energia. Segundo Castro, os indicadores da reguladora são praticamente anuais, limitando a capacidade da Aneel de interferir na administração no curto prazo. "A Aneel não tem uma legislação que permita uma ação mais direta e de curto prazo. Seria interessante mudar a metodologia através de um modelo de indicadores antecedentes, favorecendo um comportamento preventivo", afirma. O professor destaca ainda que, com o anúncio de investimentos, as empresas acabam sendo remuneradas por meio de autorização de reajustes tarifários. (Brasil Econômico)
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