sábado, 9 de abril de 2011

Novas fontes energéticas

Os altos preços do petróleo, impulsionados pela crise no Oriente Médio, bem como o acidente nuclear de Fukushima, causado pelo terremoto no Japão, reacenderam o debate sobre a necessidade de busca de novas fontes energéticas, especialmente as renováveis. Segundo a Agência Internacional de Energia, o petróleo representa 41,6% do consumo de combustíveis no mundo. O gás natural corresponde a 15,6%, o carvão fica com 9,8%, a eletricidade tem 17,2% do total, os combustíveis renováveis e o lixo 12,7% e outras fontes representam 3,1%.

O momento parece favorável à ascensão da energia renovável, derivada de fontes como a solar, eólica (ventos) e de biomassa. Mesmo com todos os investimentos nessas novas alternativas, há ainda o grande desafio para transformá-las em contínuas e em tempo integral. As energias solar e eólica não podem fornecer eletricidade sob demanda, uma vez que o armazenamento em larga escala ainda não está solucionado, sem falar que estas são fontes não disponíveis durante todos os dias do ano. As tentativas de produzir energia a partir de sobras de madeira, lixo sólido e lavouras energéticas, que produzem combustíveis avançados, derivados de algas e grama, por exemplo, ainda estão em fases muito iniciais e têm um longo caminho a ser percorrido. Outra possibilidade, a energia geotermal, também ainda é insipiente.

Os investimentos em etanol, que tem o Brasil como um dos expoentes em produção e tecnologia, bate de frente com a necessidade, cada vez mais crescente, da produção de alimentos para suprir uma população que não para de crescer. Eficiente, esta tecnologia depende do plantio de grandes volumes de milho e cana-de-açúcar para uso na finalidade energética, o que, segundo especialistas, compromete o uso de terras férteis que deveriam ser usadas para produzir comida.

Diante do acidente nuclear no Japão, muitos países que utilizam energia nuclear estão repensando a questão. Na Europa, antigas usinas foram desativadas e investimentos futuros suspensos. No Brasil, temos as usinas de Angra no centro das discussões sobre os altos investimentos já utilizados na construção das três unidades e com relação ao custo-benefício que geram e o risco que representam.

Até porque temos um significativo conjunto de recursos naturais que nos deixa em uma posição bastante privilegiada no setor energético. Há uma extensa oferta de cursos d"água que permitem a construção de hidrelétricas, forte incidência solar durante quase todos os dias do ano e em quase todo o território nacional, ventos contínuos e fortes em algumas regiões, terras abundantes e alta tecnologia de produção agrária, e a descoberta de petróleo no pré-sal.
O caminho é longo, as dificuldades muitas, e os investimentos precisam ser altos e contínuos. No entanto, não há dúvida de que vale a pena investir em novas alternativas de matrizes energéticas. Não podemos continuar reféns de uma fonte cuja produção está concentrada em poucas regiões do planeta e que, certamente, vai se esgotar no futuro. Nem tampouco de uma fonte energética que representa uma grande ameaça à nossa sobrevivência. A geração de energia a partir de fontes renováveis exclui a emissão de gases do efeito estufa, traz benefícios ao meio ambiente, à saúde e qualidade do ar. Sem falar, que apesar de exigirem investimentos iniciais em pesquisas e instalações são, a médio e longo prazo, infinitamente mais econômicas. (Gazeta Digital)

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