BRASÍLIA. A empresa concessionária da hidrelétrica de Belo Monte decidiu fazer um leilão informal para escolher quem ficará com a fatia do grupo Bertin na usina, informou ontem ao GLOBO o ministro de Minas e Energia, Edison Lobão. O Bertin desistiu do projeto. Desta forma, o consórcio receberá as propostas de sete candidatos a entrar para o grupo que construirá a maior usina do Brasil e vai escolher como novo sócio quem fizer a maior oferta pelo negócio.
A disputa, que já estava acirrada, ficou ainda mais quente com a entrada em campo de dois novos pretendentes, ambos chineses: a estatal State Grid e a China Three Gorges Corporation. O vice-presidente desta última empresa, Lin Chuxue, se reuniu ontem com o ministro. Os outros cinco candidatos são Vale, Gerdau, EBX, Votorantim e Alcoa.
- O Norte Energia vai fazer um leilão para ver quem apresenta a melhor proposta - disse Lobão.
O grande interesse das empresas deve-se ao fato de o Bertin, controlador da Gaia, que detinha 9% de participação na Norte Energia e saiu em fevereiro do negócio, ser autoprodutor no projeto de Belo Monte.
Esta condição permite que o sócio use parte da energia produzida para consumo próprio.
Ter acesso programado à eletricidade é fundamental em algumas atividades nas quais a energia é insumo essencial. É o caso da produção de alumínio - daí o interesse da Alcoa - e de siderúrgicos - o que explica a competição entre Vale, Gerdau e Votorantim pelo projeto.
O Bertin desistiu de Belo Monte porque enfrenta problemas financeiros. O grupo tem outros negócios no setor elétrico e em rodovias. Para o ministro, a saída do Bertin do Norte Energia não terá impactos na construção de Belo Monte, no Rio Xingu, porque outro grupo entrará em seu lugar. Quanto à possibilidade de ocorrerem problemas em outros empreendimentos sob a responsabilidade do Bertin, Lobão disse:
- Eles (o Bertin) estão atrasados com os compromissos no setor elétrico, mas estão procurando se desembaraçar dos problemas. Como? Vendendo alguns destes ativos.
Uma das novas interessadas em Belo Monte, a chinesa State Grid, já está instalada no país. Comprou no ano passado sete transmissoras de energia, por R$ 3,1 bilhões. Já a China Three Gorges Corporation é a empresa responsável pela construção da usina de Três Gargantas, a maior hidrelétrica do mundo. Na semana passada, o vice-presidente da companhia visitou Mato Grosso interessado em conhecer o potencial de energia do estado.
Apesar da disputa dos grupos pela hidrelétrica, ainda existem alguns problemas que precisam ser resolvidos pelo Norte Energia. A usina ainda não conseguiu junto ao Ibama a licença de instalação, que permite o início das obras. O presidente do órgão, Curt Trennepohl, disse ao GLOBO no início do mês que as condicionantes exigidas ainda não foram cumpridas pelo consórcio, algumas relacionadas à questão indígena.
O Norte Energia, porém, já recebeu licença que permite a preparação do canteiro de obras. A autorização foi questionada pelo Ministério Público Federal, mas uma liminar concedida no Pará suspendendo sua validade foi cassada antes do carnaval. Com isso, dia 8, começou a terraplanagem do terreno. (O Globo)
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