No mundo de hoje, a disponibilidade de energia elétrica é essencial e imprescindível para a sobrevivência e para o desenvolvimento da humanidade. Para atender às necessidades da sociedade, o parque gerador deve ter capacidade de produzir e entregar a energia requerida em cada momento, cujo consumo apresenta variações ao longo do ano, do dia e nos horários de maior consumo, chamados de horários ou períodos de "ponta".
No século 20 o parque gerador brasileiro foi construído com capacidade instalada em condições de atender à demanda no horário de ponta utilizando basicamente a geração hidrelétrica. Nos últimos dez anos, entretanto, a expansão desse parque ocorreu com crescente participação de termoelétricas e de hidrelétricas sem reservatórios. A combinação desses dois fatores tem tornado mais vulnerável a capacidade de o sistema atender ao consumo no horário de ponta apenas por meio de hidrelétricas.
Nos horários de ponta de consumo tem havido insuficiência de potência de origem hidráulica para o atendimento pleno da carga, o que vem levando à necessidade de complementá-la com geração de origem térmica, repercutindo na elevação dos custos finais da energia produzida. Mesmo em condições hidrológicas favoráveis, tem-se verificado despachos de usinas termoelétricas visando a garantir a confiabilidade elétrica do sistema.
Uma alternativa possível de ser implementada no curto prazo e com custos reduzidos consiste no acréscimo de potência por meio da instalação de novas unidades geradoras em usinas hidrelétricas existentes que foram construídas com previsão para instalação de unidades adicionais. Além de aumentar a capacidade de fornecimento de potência durante o período de ponta, essas unidades adicionais também poderiam ser úteis nos períodos chuvosos, quando ocorrem vertimentos do excesso de água, permitindo acumular a energia correspondente em outros reservatórios do sistema ou, concomitantemente, substituir a geração térmica que estiver despachada. Além do benefício do acréscimo de capacidade nas usinas, tais ampliações permitem, em muitos casos, ganhos de Energia Assegurada da usina.
Levantamento realizado pela Associação Brasileira das Empresas Geradoras de Energia Elétrica (Abrage) indica que existe um potencial da ordem de 5.300 megawatts para ser explorado por meio da instalação de novas unidades geradoras em usinas construídas com previsão para ampliações, equivalente a cerca de 4% da capacidade instalada total do parque gerador do Sistema Interligado Nacional (SIN).
Essa alternativa, que pode ser implementada com impactos ambientais reduzidos, por não exigir a ocupação de área adicional para o reservatório, além de melhorar substancialmente a reserva de potência do parque gerador, evitaria o uso de usinas térmicas, contribuindo para a modicidade tarifária e para a redução da emissão de gases de efeito estufa.
O acréscimo de unidades de produção de energia elétrica nas usinas existentes ainda não se concretizou porque a legislação do setor elétrico não prevê a remuneração de investimento realizado com o objetivo predominante de atendimento do mercado no horário de ponta. Pelo modelo atual, apenas os investimentos destinados à produção de energia média, assegurada pelo parque gerador durante o ano, podem ser remunerados.
Considerando os benefícios proporcionados pela instalação de novas unidades geradoras e para que essa alternativa venha a se tornar realidade, recomenda-se a criação de novos instrumentos regulatórios que possibilitem a análise de viabilidade econômica desses empreendimentos, os quais contribuirão para o melhor aproveitamento dos recursos hídricos atualmente utilizados pelo parque hidrelétrico brasileiro e para a modicidade tarifária. Autor: Flávio A. Neiva - PRESIDENTE DA ABRAGE (O Estado de S.Paulo)
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