sábado, 12 de fevereiro de 2011

Custo da energia no País preocupa indústria

O crescimento da capacidade de geração de energia no País em 2010 mostra que falta de eletricidade não estará na lista de preocupações das indústrias este ano. "A preocupação é o preço da energia", afirma Paulo Pedrosa, presidente da Associação Brasileira de Grandes Consumidores Industriais de Energia e de Consumidores Livres (Abrace).

Em relatório divulgado na sexta-feira (11/2) a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) mostrou que o parque gerador brasileiro cresceu 5,7% no ano passado, atingindo uma capacidade máxima de produção de 112.398 megawatts (MW). Nos últimos 10 anos essa expansão foi de 50,1%.

Para Pedrosa, os dados revelam que o setor elétrico ainda mantém o viés adotado após o racionamento de energia do governo Fernando Henrique Cardoso, de garantir a oferta de eletricidade.

O executivo argumenta, entretanto, que o custo da energia continua preocupando as indústrias, que puxaram em 2010 a expansão do consumo de eletricidade no País. "Temos uma série de fatores que influenciam neste custo, sendo que os mais graves e mais visíveis são os encargos e tributos cobrados pelo governo", argumenta Pedrosa.

Levantamento recente do Instituto Acende Brasil revelou que a carga de impostos sobre a conta de luz é de 45%. Em outras palavras isso significa que a cada R$ 100 pagos pelos consumidores, R$ 45 vão para os cofres públicos. Um dos encargos mais criticados pela indústria é a Reserva Global de Reversão (RGR), instituída em 1957.

O encargo, que custou aos consumidores cerca de R$ 1,6 bilhão em 2009, seria extinto no final do ano passado, mas o governo resolveu, no apagar das luzes, prorrogar por mais 25 anos a vigência do encargo. A prorrogação foi incluída em uma Medida Provisória (MP) editada pelo governo no dia 30 de dezembro.

Geração X Consumo
Enquanto a capacidade de geração de energia cresceu 5,7% em 2010, o consumo de eletricidade avançou 7,8%, de acordo com levantamento da Empresa de Pesquisa Energética (EPE), divulgado no final de janeiro. Essa expansão foi impulsionada pela retomada da atividade industrial.

Para o presidente da Abrace essa diferença não é um problema. Isso porque o consumo reage rapidamente a fatores de curto prazo, enquanto a ampliação da capacidade de produzir energia não sofre essas consequências, por se tratar de investimentos de longo prazo. "O crescimento do consumo em 2010 também se deu com base num desempenho horroroso em 2009", destacou o executivo.

Pelos cálculos da Aneel, a capacidade de geração de energia vai continuar crescendo em 2011 e nos próximos sete anos. A estimativa conservadora da Aneel aponta para uma expansão de 5,8% este ano e de 17,7% até 2018. No cenário otimista, o crescimento em 2011 será de 7%. Até 2018 a expectativa é de um avanço de 18,3%.

O crescimento da capacidade de geração de energia mostra que os apagões que afetaram a região Nordeste e a cidade de São Paulo nas duas últimas semanas não estão associados à falta de eletricidade. "Temos um problema de gestão na área de transmissão", disse Pedrosa, da Abrace. (Agência Estado)
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