segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011

CEEE renegocia dívidas para voltar a investir

Sérgio Dias, novo presidente da estatal Companhia Estadual de Energia Elétrica do Rio Grande do Sul (CEEE), assume o cargo com a difícil tarefa de reverter o déficit da distribuidora e ampliar os investimentos das divisões de geração e transmissão. A empresa, que controla um terço da distribuição de energia no estado gaúcho e atende mais de 4 milhões de habitantes, entrou em um círculo vicioso na última década que tem comprometido sua operação em distribuição.

Com o movimento de privatização no final dos anos 90, a empresa vendeu dois terços da sua distribuidora, mas ficou com o passivo trabalhista e uma dívida que hoje soma R$ 524 milhões, o equivalente a 42% da receita da Companhia Estadual de Distribuição de Energia Elétrica (CEEE-D), que é de R$ 1,24 bilhão. Com esse ônus, teve que reduzir seus investimentos em ativos e não consegue atender as exigências da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel).

O problema se agravou quando a companhia passou a buscar financiamentos no mercado, mas estes eram encontrados somente com taxas superiores as de remuneração de seus ativos — um custeio variando de 10% a 15% enquanto o ativo era remunerado a 9,5%.

Financiamento

Na avaliação de Dias, o problema do passivo da estatal é histórico e pode ser resolvido com renegociações. Para isso, o executivo está buscando outras fontes de financiamento como o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID). “Vamos investir em ativos para aumentar a base de remuneração na distribuição e nos adequarmos à Aneel”, afirma Dias.

Atualmente, a empresa aguarda a aprovação de um empréstimo da ordem de R$ 350 milhões do BNDES e de R$ 200 milhões do BID que serão destinados para investimentos. “Mesmo assim temos necessidade de maiores captações. Estamos buscando no mercado convencional mais R$ 150 milhões que deve nos dar um fôlego nesses primeirosmeses.”

Compensação de pagamentos
Outra prioridade de Dias é conseguir a liberação dos créditos de CRC (Conta de Resultados a Compensar), estimada entre R$ 3,5 bilhões e R$ 5 bilhões. A CRC se refere à compensação de pagamentos a ex-autárquicos e inativos. A pendência corre desde 1993 quando a concessionária entrou na justiça para obter o direito a esses recursos e teve um parecer favorável do Supremo Tribunal Federal (STF). “Hoje pelo alinhamento de forças entre governo do estado e o federal acreditamos que isso se resolva no curto prazo”, afirma Dias.

A possibilidade de abatimento de dívida dá um fôlego novo à CEEE,mas hámuitas áreas dentro da divisão de distribuição esperando novos investimentos. A empresa está realizando um levantamento de ativos para avaliar os maiores gargalos e montar o plano de investimento. Ainda sem um mapa completo do sistema nas mãos, a prévia do estudo já aponta sobrecarga em diversos pontos. Segundo Dias, para atender o mercado é necessário ações emergenciais que passam por trocas de equipamentos. No médio e longo prazo será preciso uma reforma estrutural.  (Brasil Econômico)
Eletropaulo diz que tem plano de R$ 3 bilhões
A AES Eletropaulo e CTEEP, responsáveis pela transmissão e abastecimento de energia em SP, informaram que não há uma demanda acima da capacidade de atendimento. A AES disse que desde 2008 já investiu cerca de R$ 2,4 bilhões "direcionados a ampliação da capacidade instalada, novas tecnologias, manutenção preventiva da rede e contratação e capacitação de pessoas". "Até 2015 serão investidos mais R$ 3 bilhões." "A AES Eletropaulo assegura à população que continuará com seu plano de investimentos a médio prazo, que de 2011 a 2015 será de mais R$ 3 bilhões", afirma nota enviada pela empresa.

Já a CTEEP diz que "não há nenhum caso em que a demanda ultrapasse a capacidade de qualquer uma das subestações". A questão é com a subestação Bandeirantes, que tem ficado "próximo à capacidade nominal, não havendo flexibilidade para transferência de parte desse carregamento para outras subestações". (Folha de S. Paulo)
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