A construção da usina de Belo Monte é uma grande oportunidade de o país consolidar a retomada da expansão do seu parque gerador com base em hidrelétricas. A usina também representava uma importante possibilidade de aumento da oferta de energia nova para o mercado livre, contribuindo para sua expansão.
Isso poderia auxiliar a reverter, pelo menos em parte, a posição nada honrosa de nosso país entre os recordistas mundiais em termos de custos de energia. O problema é que as condições de negociação da energia definidas nas regras do leilão tornam quase impossível sua contratação por parte das indústrias.
As dificuldades para os consumidores livres contratarem a energia de Belo Monte se devem Isso se deve à falta de isonomia, no processo, entre os consumidores livres essas empresas e as distribuidoras no processo, principalmente no que se refere ao risco dos submercados.
Preocupada com essa situação, nos últimos meses a ABRACE atuou fortemente para garantir o alívio de exposição aos consumidores livres que optarem por contratar a energia da nova usina. Diante da recusa do governo de mudar as regras antes do leilão, a entidade já trabalha na estratégia para fazer com que, mesmo após a definição do consórcio vencedor do certame, seja possível reverter o quadro de risco para os consumidores.
A defesa da extensão do alívio de exposição para os consumidores livres deve ser mantida tanto na apresentação do posicionamento da entidade na imprensa e nos demais fóruns em que participa, sempre mostrando a importância da disponibilidade da energia da usina em condições competitivas para a manutenção do desenvolvimento da indústria brasileira.
Alívio de exposição
Para não inviabilizar a contratação, pelos consumidores livres, da parcela da energia de Belo Monte que lhes cabe, é necessário estender-lhes aos consumidores o direito de alívio de exposição válido para as distribuidorasconcessionárias.
Essa exposição se deve às diferenças positivas entre o Preço de Liquidação das Diferenças (PLD) do submercado em que se encontra e o submercado onde a energia é produzida. Histórico recente mostra que, de maneira geral, o PLD é mais alto no submercado Sudeste/Centro-Oeste (onde se encontra a maioria dos consumidores) do que no Norte (onde ficará Belo Monte).
Essa diferença pode fazer com que os consumidores paguem muito mais pela energia. A baixa previsibilidade do PLD torna praticamente impossível definir o tamanho desse risco. E o passado mostra que a situação pode ser bastante séria: estimativa indica que, caso um contrato de 100 MW médios tivesse sido fechado nessas condições há quatro anos, o contratante teria pago R$ 28,4 milhões a mais pela energia até o final de 2009.
Contratação da energia
Além do risco de diferença de preços dos submercados, o Outro problema é o formato de contratação da energia nova no país de uma maneira geral, que por si só também torna muito complicada sua compra da energia de Belo Monte pelos consumidores livres. Além de valer no que se refere ao alívio de exposição, a isonomia entre distribuidoras e demais agentes também teria de ocorrer no processo de contratação da energia como um todo.
É preciso interromper o tratamento injusto ao mercado livre na contratação de energia nova. No atual sistema, vence a licitação aquele o grupo de empreendedores que oferecer a menor tarifa ao mercado cativo. Em princípio, o raciocínio parece correto, só que leva a uma lógica perversa em que o investidor procura obter a rentabilidade desejada por meio da venda, a preços elevados, da parcela destinada aos consumidores livres.
Essa situação Isso tem feito com que a energia das novas usinas seja oferecida aos consumidores livres a preços proibitivos. Estes optam por contratá-la apenas nos casos limites de ameaça de desabastecimento. Tal situação já foi verificada nas usinas do Rio Madeira e está comprometendo a manutenção do mercado livre.
Isso dificulta a expansão e o desenvolvimento do parque industrial brasileiro, o que é muito preocupante. Afinal, a falta de energia em condições adequadas torna mais complicada a competição da indústria brasileira com seus concorrentes de outros países.
Para reverter esse quadro, a indústria está aberta a negociar condições para contratação da energia nova de uma maneira geral, bem como o alívio de exposição para Belo Monte. Só não é aceitável que o governo mantenha a atual sistemática: tem de parar, de uma vez por todas, de dar um tratamento injusto ao mercado livre na contratação de energia nova.
Tal situação já foi verificada nas usinas do Rio Madeira e está comprometendo a manutenção do mercado livre e a expansão do parque industrial brasileiro. Afinal, essas condições tornam muito difícil a competição das indústrias brasileiras com as de outros países.
Autor: Ricardo Lima é presidente-executivo da ABRACE (Associação Brasileira de Grandes Consumidores Industriais de Energia e de Consumidores Livres). (Portal Energia Hoje )
Isso poderia auxiliar a reverter, pelo menos em parte, a posição nada honrosa de nosso país entre os recordistas mundiais em termos de custos de energia. O problema é que as condições de negociação da energia definidas nas regras do leilão tornam quase impossível sua contratação por parte das indústrias.
As dificuldades para os consumidores livres contratarem a energia de Belo Monte se devem Isso se deve à falta de isonomia, no processo, entre os consumidores livres essas empresas e as distribuidoras no processo, principalmente no que se refere ao risco dos submercados.
Preocupada com essa situação, nos últimos meses a ABRACE atuou fortemente para garantir o alívio de exposição aos consumidores livres que optarem por contratar a energia da nova usina. Diante da recusa do governo de mudar as regras antes do leilão, a entidade já trabalha na estratégia para fazer com que, mesmo após a definição do consórcio vencedor do certame, seja possível reverter o quadro de risco para os consumidores.
A defesa da extensão do alívio de exposição para os consumidores livres deve ser mantida tanto na apresentação do posicionamento da entidade na imprensa e nos demais fóruns em que participa, sempre mostrando a importância da disponibilidade da energia da usina em condições competitivas para a manutenção do desenvolvimento da indústria brasileira.
Alívio de exposição
Para não inviabilizar a contratação, pelos consumidores livres, da parcela da energia de Belo Monte que lhes cabe, é necessário estender-lhes aos consumidores o direito de alívio de exposição válido para as distribuidorasconcessionárias.
Essa exposição se deve às diferenças positivas entre o Preço de Liquidação das Diferenças (PLD) do submercado em que se encontra e o submercado onde a energia é produzida. Histórico recente mostra que, de maneira geral, o PLD é mais alto no submercado Sudeste/Centro-Oeste (onde se encontra a maioria dos consumidores) do que no Norte (onde ficará Belo Monte).
Essa diferença pode fazer com que os consumidores paguem muito mais pela energia. A baixa previsibilidade do PLD torna praticamente impossível definir o tamanho desse risco. E o passado mostra que a situação pode ser bastante séria: estimativa indica que, caso um contrato de 100 MW médios tivesse sido fechado nessas condições há quatro anos, o contratante teria pago R$ 28,4 milhões a mais pela energia até o final de 2009.
Contratação da energia
Além do risco de diferença de preços dos submercados, o Outro problema é o formato de contratação da energia nova no país de uma maneira geral, que por si só também torna muito complicada sua compra da energia de Belo Monte pelos consumidores livres. Além de valer no que se refere ao alívio de exposição, a isonomia entre distribuidoras e demais agentes também teria de ocorrer no processo de contratação da energia como um todo.
É preciso interromper o tratamento injusto ao mercado livre na contratação de energia nova. No atual sistema, vence a licitação aquele o grupo de empreendedores que oferecer a menor tarifa ao mercado cativo. Em princípio, o raciocínio parece correto, só que leva a uma lógica perversa em que o investidor procura obter a rentabilidade desejada por meio da venda, a preços elevados, da parcela destinada aos consumidores livres.
Essa situação Isso tem feito com que a energia das novas usinas seja oferecida aos consumidores livres a preços proibitivos. Estes optam por contratá-la apenas nos casos limites de ameaça de desabastecimento. Tal situação já foi verificada nas usinas do Rio Madeira e está comprometendo a manutenção do mercado livre.
Isso dificulta a expansão e o desenvolvimento do parque industrial brasileiro, o que é muito preocupante. Afinal, a falta de energia em condições adequadas torna mais complicada a competição da indústria brasileira com seus concorrentes de outros países.
Para reverter esse quadro, a indústria está aberta a negociar condições para contratação da energia nova de uma maneira geral, bem como o alívio de exposição para Belo Monte. Só não é aceitável que o governo mantenha a atual sistemática: tem de parar, de uma vez por todas, de dar um tratamento injusto ao mercado livre na contratação de energia nova.
Tal situação já foi verificada nas usinas do Rio Madeira e está comprometendo a manutenção do mercado livre e a expansão do parque industrial brasileiro. Afinal, essas condições tornam muito difícil a competição das indústrias brasileiras com as de outros países.
Autor: Ricardo Lima é presidente-executivo da ABRACE (Associação Brasileira de Grandes Consumidores Industriais de Energia e de Consumidores Livres). (Portal Energia Hoje )
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