A redução da geração de energia em Itaipu, de dezembro do ano passado até agora, vai custar pelo menos R$ 160 milhões a mais na conta de luz dos brasileiros. Desde o apagão de 10 de novembro de 2009, técnicos do governo decidiram reduzir a produção de energia na usina para evitar riscos de combinações climáticas que levem o país a enfrentar novos desligamentos de igual porte.
No último apagão, nove Estados foram atingidos como parte de um efeito cascata provocado pelo desligamento da linha operada por Furnas que traz a eletricidade de Itaipu até a subestação de Itaberá (SP). Com isso, a geração de quase metade da capacidade instalada do Brasil (a outra metade é paraguaia) ficou ociosa, enquanto a água do reservatório teve de ser liberada pelos vertedouros. Água vertida nas barragens de hidrelétricas devido a problemas técnicos (como o caso) representa prejuízo ao país.
A Itaipu Binacional informa que esse prejuízo é minimizado pelo fato de que a usina estaria vertendo (liberando água pelos vertedouros, sem geração) de qualquer forma, dado o volume de chuvas no verão. O custo, calculado pelo ONS (Operadora Nacional do Sistema Elétrico), decorre da substituição da geração hidráulica por geração com térmica a gás natural.
O ONS informou, entretanto, que paulatinamente a geração em Itaipu começa a retornar aos níveis de sua capacidade total. No período de maior restrição, Itaipu operou com pouco mais de 3.000 MW. Agora, nos períodos de pouco risco de chuvas intensas combinadas com descargas atmosféricas, a geração sobe para 5.500 MW.
O recuo ocorre quando condições climáticas sugerem a repetição do cenário daquele 10 de novembro (chuva torrencial, com descargas atmosféricas e um sistema de isolamento da rede inadequado). Com carga total, a maior usina brasileira utiliza a capacidade plena (excluída a reserva) de 6.300 MW.
Até meados deste mês, a promessa é que os reparos na subestação de Itaberá e o reforço na rede sejam concluídos. Os isoladores da subestação foram protegidos e Furnas, responsável pelo trabalho, também deverá aprimorar o isolamento da rede para minimizar os riscos dos raios que atinjam lateralmente a linha. Um trabalho do Cepel (Centro de Pesquisa da Eletrobras) identificou essa brecha no sistema. Foi o centro que recomendou o corte na geração.
Despesa relativa
Hermes Chipp, diretor-geral do ONS, considera pequeno o custo de R$ 160 milhões em geração térmica nesse período em que o sistema de transmissão será reforçado. Segundo ele, só o apagão em nove Estados em novembro de 2009 custou ao país R$ 600 milhões. "Esse valor refere-se apenas ao desligamento das redes. Os custos com os transtornos provocados por um apagão daquelas proporções são incalculáveis, muito maiores do que os R$ 600 milhões", disse Chipp. Ninguém tem esse cálculo, mas o prejuízo do país com um apagão semelhante está na casa dos bilhões de reais, disse. (Folha de S. Paulo)
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