segunda-feira, 2 de julho de 2018

Energia cara é desafio à expansão do complexo

Assim como em outros polos produtivos do país, as empresas instaladas em Camaçari têm no custo da energia uma de suas grandes preocupações. Segundo o executivo de uma multinacional instalada no polo, a conta de energia elétrica da unidade local é R$ 200 milhões por ano mais alta que a de uma unidade na América do Norte e a de gás, R$ 600 milhões superior.
Para driblar os preços industriais da energia do Brasil, que podem comprometer futuros projetos de expansão, governo e empresas têm adotado diferentes estratégias.
A distribuidora de gás local, a Bahiagás, lançou no ano passado uma chamada pública inédita no mercado brasileiro, para atrair empresas interessadas em ampliar a oferta de gás no Estado. Foram recebidas 14 propostas, dez de empresas brasileiras e quatro estrangeiras – pequenos produtores independentes no Recôncavo Baiano, empresas parceiras da Petrobras em campos do pré-sal empreendedores interessados em importar Gás Natural Liquefeito (GNL). Para viabilizar as propostas, a empresa tem um entrave: a Petrobras informa que o terminal de regaseificação instalado na costa da Bahia estaria com sua capacidade tomada. As discussões entre a distribuidora e a estatal continuam, mas a Bahiagás agora discute o lançamento em breve de uma nova chamada pública para acréscimo da oferta, dessa vez de forma coordenada com outros Estados. “Estamos analisando se será uma chamada única ou algumas de vários Estados; a chamada que fizemos teve repercussão regional”, afirma Luiz Gavazza, presidente da distribuidora. Seria uma forma de ampliar a oferta e tentar reduzir preços. O maior cliente da empresa é o Polo de Camaçari.
O setor também está de olho no leilão A-6, de contratação de energia daqui a seis anos, em 2024, em que cinco projetos de térmicas na Bahia com capacidade instalada somada de 3,7 GW e consumo de cerca de 16 milhões de metros cúbicos diários estão cadastrados e poderão participar da licitação. O negócio principal dos empreendedores é gás para energia elétrica, mas há também projetos que podem contemplar a instalação de terminais de regaseificação, o que cria oportunidades. “Poderia trazer novos negócios”, diz Gavazza. Para Paulo Guimarães, superintendente de Promoção do Investimento da Secretaria de Desenvolvimento Econômico da Bahia, boa parte dos projetos de térmicas traz a possibilidade de instalação de terminal de regaseificação. “Isso aponta para a mudança da matriz energética e acréscimo de novos ofertantes”, diz.
A Braskem tem atuado em três frentes: redução do consumo de gás a partir de reforço constante de projetos de eficiência energética, avaliação de oportunidades na área de energia renovável, com destaque para as fontes eólica e solar e de gás em campos terrestres.
Boa parte da atenção do governo baiano e dos empresários está no Congresso Federal, onde tramita o projeto de lei 6407, com base nas medidas discutidas no projeto Gás para Crescer, criado para abertura do mercado a partir do plano de desinvestimento da Petrobras, que tem vendido participação em distribuidoras de gás e em gasodutos. A incerteza política e a proximidade das eleições tornam sua votação neste ano uma incógnita. O projeto cria as bases para o livre acesso das empresas a terminais de regaseificação e a dutos e implementa o mecanismo de gás release, em que a Petrobras tem de se submeter a programas de venda obrigatória de gás para favorecer a concorrência. Fonte: Valor Econômico