segunda-feira, 15 de outubro de 2012

Adesão às novas regras deixa elétricas de novo na berlinda

O pregão desta segunda-feira promete volatilidade na Bovespa. Além do vencimento de opções sobre ações, o mercado doméstico vai se ajustar às oscilações registradas pelas bolsas mundiais na sexta-feira, quando os negócios ficaram parados com o feriado nacional. Além disso, o setor elétrico volta à berlinda, com o fim do prazo para as companhias informarem à Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) se têm interesse em prorrogar a concessão de ativos que vencem até 2017 por mais 30 anos, conforme estabelece a Medida Provisória 579. 

"É quase como assinar um cheque em branco", diz o estrategista da SLW Corretora, Pedro Galdi. Ele lembra que as empresas assinarão um acordo preliminar sem saber exatamente como ficarão as tarifas e qual será a indenização pelos ativos não amortizados. Pelo cronograma fixado pelo Ministério de Minas e Energia, o valor dos investimentos a serem indenizados só será divulgado no dia 1º de novembro. As companhias que manifestarem interesse até as 18 horas de hoje terão até 4 de dezembro para assinar o contrato definitivo. 

Uma das primeiras a aceitar a proposta do governo foi a Transmissão Paulista (CTEEP). Os analistas do Barclays, Francisco Navarrete, Tatiane Shibata e Giovanna Siracusa, afirmaram em relatório que a decisão é negativa para investidores. "A CTEEP não será capaz de pagar dividendos plenos sobre a indenização que receberá pelos ativos não depreciados porque os níveis de endividamento precisarão ser gerenciados, tendo em vista a acentuada queda nas receitas já a partir de 2013", afirmaram. 

O Barclays estima que o retorno proporcionado pelos dividendos em relação ao preço da ação da companhia cairá para 3%, contra os 15% previstos se ela rejeitasse o novo contrato. O preço-alvo das ações será reduzido para R$ 26 no novo regime de concessão, frente a R$ 31 se a CTEEP não aceitasse a proposta do governo. Na quinta-feira, a ação PN recuou 1,17%, para R$ 32,71. Outras empresas que já informaram à Aneel que pretendem adotar as novas regras de concessão foram Cesp, Furnas e CPFL. 

A Bovespa deve se ajustar ainda às bolsas internacionais que operaram na sexta-feira. Na Europa, o índice Stoxx 600 caiu 0,52%. Wall Street teve a pior semana em quatro meses. Na sexta-feira, o Dow Jones subiu 0,02% para 13.328,85 pontos, mas na semana cedeu 2,1%. O Nasdaq cedeu 0,17% a 3.044 pontos (2,9% na semana), e o S&P 500 recuou 0,30 a 1.428 pontos, sendo 2,2% na semana. A Bovespa subiu 1,21% na quinta-feira, a 59.161 pontos, acumulando ganho de 1% na semana e zerando perdas em outubro. (Valor Econômico)
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