A compra da Bons Ventos Eólica, anunciada pela CPFL Renováveis na noite de sexta-feira (24/2), foi vista como positiva pelo mercado financeiro. Analistas ouvidos pelo Jornal da Energia nesta segunda-feira (27/2) fizeram elogios à transação de R$1 bilhão, que agrega 157,5MW em usinas eólicas já em operação ao portfólio da empresa. Além disso, as quatro plantas adquiridas estão enquadradas no Programa de Incentivo às Fontes Alternativas de Energia Elétrica (Proinfa) do governo federal e recebem, em média, R$284,40 por MWh pela energia gerada. Nos últimos leilões, a tarifa para a geração através dos ventos ficou por volta de R$100 por MWh.
"Achamos que foi por um preço justo e que, estrategicamente, foi bastante interessante porque segue o plano de expansão agressivo que a CPFL Renováveis quer implementar. Os projetos também têm um contrato pelo Proinfa com um valor bastante elevado e por um prazo longo", aponta Filipe Corga Acioli, da Ágora Corretora. Para o analista, os empreendimentos da Bons Ventos vão gerar, já em 2012, um EBITDA (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) de R$150 milhões para a CPFL.
Ricardo Corrêa, da Ativa Corretora, acredita que os projetos "foram comprados baratos, a preço confortável para o vendedor, mas com retorno próximo de 10%", o que fica "em linha" com o que tem sido observado hoje em dia no setor elétrico. Para o especialista, "a estratégia da CPFL é crescer nessa área e fazer um IPO (oferta pública de ações)" de seu braço de renováveis.
No ano passado, a CPFL já havia comprado a Siif Énergies, também dona de usinas do Proinfa, por R$1,5 bilhão. Em janeiro deste ano, a empresa anunciou a aquisição de quatro eólicas da Cobra Instalaciones, por valor não divulgado, além de ter concluído a incorporação da PCH Santa Luzia, também sem dar o preço.
Para Corrêa, "fica difícil dizer" se a companhia deverá seguir com o agressivo processo de expansão por aquisições. "Começa a ficar um pouco mais complicado, mas acho que ela tem fôlego, sim. Ela é não é uma companhia pouco endividada - ela tem um perfil de dívida que não permite tanta agressividade assim", pondera. Acioli, da Ágora, diz que "obviamente um excesso de alavancagem preocupa", mas diz que "não é nada de imediato".
"Como esses projetos são operacionais, chegam já gerando caixa. (O endividamento) é uma coisa que a gente tem que monitorar. Mas, para o desenvolvimento da CPFL Renováveis, há outras cartas na manga que podem ajudar, como o próprio IPO. Então, lá adiante, acho que eles ainda têm muita alternativa de funding para fazer frente a esse processo de expansão", argumenta o analista.
Consolidação - A grande competição que tem sido vista nos últimos leilões de energia eólica deve levar a uma consolidação do setor, com avanço dos grandes players sobre empresas menores e até sobre as usinas do Proinfa, que têm retorno e preços de venda maiores. Para Acioli, esse processo "vai ser muito grande" no setor de geração através dos ventos.
"A gente tem visto empresas fazendo propostas muito agressivas nos certames e muitos desses grupos precisarão de sócios e aportes financeiros para cumprir com os projetos. Então a gente deve continuar enxergando novas aquisições nesse segmento. E fusões, como no caso da CPFL com a Ersa e da Light na Renova", explica. Ricardo Corrêa, da Ativa, concorda com a posição do colega, principalmente sobre as usinas do Proinfa. "Todas são alvo. Todas essas empresas que ainda estão segmentadas são candidatas prováveis da consolidação", conclui. (Jornal da Energia)
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"Achamos que foi por um preço justo e que, estrategicamente, foi bastante interessante porque segue o plano de expansão agressivo que a CPFL Renováveis quer implementar. Os projetos também têm um contrato pelo Proinfa com um valor bastante elevado e por um prazo longo", aponta Filipe Corga Acioli, da Ágora Corretora. Para o analista, os empreendimentos da Bons Ventos vão gerar, já em 2012, um EBITDA (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) de R$150 milhões para a CPFL.
Ricardo Corrêa, da Ativa Corretora, acredita que os projetos "foram comprados baratos, a preço confortável para o vendedor, mas com retorno próximo de 10%", o que fica "em linha" com o que tem sido observado hoje em dia no setor elétrico. Para o especialista, "a estratégia da CPFL é crescer nessa área e fazer um IPO (oferta pública de ações)" de seu braço de renováveis.
No ano passado, a CPFL já havia comprado a Siif Énergies, também dona de usinas do Proinfa, por R$1,5 bilhão. Em janeiro deste ano, a empresa anunciou a aquisição de quatro eólicas da Cobra Instalaciones, por valor não divulgado, além de ter concluído a incorporação da PCH Santa Luzia, também sem dar o preço.
Para Corrêa, "fica difícil dizer" se a companhia deverá seguir com o agressivo processo de expansão por aquisições. "Começa a ficar um pouco mais complicado, mas acho que ela tem fôlego, sim. Ela é não é uma companhia pouco endividada - ela tem um perfil de dívida que não permite tanta agressividade assim", pondera. Acioli, da Ágora, diz que "obviamente um excesso de alavancagem preocupa", mas diz que "não é nada de imediato".
"Como esses projetos são operacionais, chegam já gerando caixa. (O endividamento) é uma coisa que a gente tem que monitorar. Mas, para o desenvolvimento da CPFL Renováveis, há outras cartas na manga que podem ajudar, como o próprio IPO. Então, lá adiante, acho que eles ainda têm muita alternativa de funding para fazer frente a esse processo de expansão", argumenta o analista.
Consolidação - A grande competição que tem sido vista nos últimos leilões de energia eólica deve levar a uma consolidação do setor, com avanço dos grandes players sobre empresas menores e até sobre as usinas do Proinfa, que têm retorno e preços de venda maiores. Para Acioli, esse processo "vai ser muito grande" no setor de geração através dos ventos.
"A gente tem visto empresas fazendo propostas muito agressivas nos certames e muitos desses grupos precisarão de sócios e aportes financeiros para cumprir com os projetos. Então a gente deve continuar enxergando novas aquisições nesse segmento. E fusões, como no caso da CPFL com a Ersa e da Light na Renova", explica. Ricardo Corrêa, da Ativa, concorda com a posição do colega, principalmente sobre as usinas do Proinfa. "Todas são alvo. Todas essas empresas que ainda estão segmentadas são candidatas prováveis da consolidação", conclui. (Jornal da Energia)
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