terça-feira, 24 de janeiro de 2012

Retirar outorga é reconhecer o fracasso do sistema, diz CCEE

Em meio à polêmica sobre a possível cassação da outorga de uma série de usinas atrasadas do Grupo Bertin - fato que está em discussão pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) - o presidente do Conselho de Administração da Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE), Luiz Eduardo Barata, reconhece que retirar a autorização das usinas é ruim para o empreendedor e para o País.

"Não gostaria que nenhum empreendimento chegasse a essa situação. É óbvio que o maior prejudicado será o empresário, mas significa também assumir que o sistema (do setor elétrico) fracassou", disse Barata, ao ser questionado se a CCEE defendia uma cassação como forma de servir de exemplo para o mercado.

"O que defendemos é que, ainda na fase de participação do leilão, sejam criados mecanismos que permitam vencer os certames só quem for capaz de construir. Além disso, é preciso acompanhar as obras de perto para evitar atrasos”, explicou. Barata lembrou, porém, que, em último caso, se for preciso, a cassação deve ser feita. 

A revogação da autorização da termelétrica José de Alencar (300MW), que deveria ter sido colocada em operação pela Bertin em janeiro de 2011, deve ser julgada em breve pela diretoria da Aneel. Para piorar a situação, a Petrobras encerrou contratos de fornecimento do gás que seria usado para suprir a usina José de Alencar e outras do grupo.

Extensa lista de problemas A lista de problemas enfrentados pelo Grupo Bertin parece não ter fim. Desde que resolveu entrar no setor de infraestrutura, a companhia vem enfrentando dificuldades para cumprir os compromissos. Uma das saídas adotadas pelo grupo foi a de se desfazer de parte dos ativos.

Duas termelétricas no Espírito Santo já foram repassadas para a MPX, do empresário Eike Batista, que pagou R$330 milhões para assumir as plantas. Mas isso não resolve a questão, uma vez que a Bertin venceu leilões para a construção de 42 usinas pelo Brasil, somando 6,7GW de potência e investimentos necessários de R$10 bilhões.

A boa notícia é que o grupo conseguiu quitar pendências com a Chesf no mercado de curto prazo, referente às dívidas relacionadas ao atraso das usinas termelétricas de Borborema (PB) e Maracanaú (CE). Além disso, a companhia também contratou a Angra Partners, especializada em recuperação de empresas. Procurada pela reportagem ainda na semana passada, a Bertin respondeu, por meio da assessoria de imprensa, que não vai se pronunciar durante essa reestruturação. (jornal da Energia)



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