quarta-feira, 11 de janeiro de 2012

Cemig emite R$ 1 bilhão em debêntures e mira Novo Mercado

Depois de mais de nove meses de espera, o Novo Mercado de Renda Fixa finalmente ganha o seu primeiro candidato a integrar o segmento. Lançado em abril do ano passado pela Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima) em parceria com o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), o Novo Mercado tem como objetivo elevar o volume de emissões primárias, as negociações secundárias e o número de investidores que participam desse mercado. 

A Companhia Energética de Minas Gerais (Cemig), por meio de sua subsidiária de Geração e Transmissão, entrou com pedido de análise na Anbima da emissão de debêntures, podendo, assim,  ser pioneira no segmento. A oferta de 1 milhão de debêntures simples leva em consideração a regra do Código de Regulação e Melhores Práticas do Novo Mercado de Renda Fixa — lançado em outubro do ano passado — de que os títulos devem ser pulverizados, com mínimo de 10 investidores e concentração individual máxima de 20% da oferta pública. Além disso, o valor nominal unitário será de R$ 1 mil — assim como exigido pela Anbima — em até três séries, atingindo o montante total de até R$ 1 bilhão (sem considerar as suplementares). 

As debêntures da primeira série terão prazo de cinco anos, vencendo, portanto, em 15 de fevereiro de 2017, enquanto as da segunda e terceira séries vencerão em 2019 e em 2022, respectivamente. Por causa das datas, caso seja aprovada a integração ao Novo Mercado, a emissão será caracterizada como de longo prazo — segmento composto por papéis e valores mobiliários com período superior a quatro anos, sem direito à recompra nos dois primeiros anos. Além disso, a emissão precisará contar com avaliação de risco de crédito (rating) emitida por uma agência de risco.

Em entrevista ao BRASIL ECONÔMICO, em outubro do ano passado, Marcelo Giufrida, presidente da Anbima, disse que três ofertas estavam sendo analisadas naquele momento e a previsão era de que, até dezembro, pelo menos uma delas fosse lançada. O executivo projetou, na ocasião, que as ofertas de títulos no Novo Mercado devam  registrar algo ent re R$ 100 bilhões e R$ 200 bilhões até o fim de 2013.

Endividamento - A rolagem de dívidas é o principal objetivo da emissão das debêntures da Cemig, na opinião de analistas que acompanham  a  empresa . "Ela está aprovei tando o bom-humor do mercado para fazer a oferta”, afirma Ricardo Corrêa, da Ativa Corretora. Últimos dados disponíveis da empresa, referentes ao terceiro trimestre de 2011, mostram que a dívida total da Cemig está em R$ 14 bilhões, sendo que R$ 3,7 bilhões deste total vencem neste ano. O índice de alavancagem da empresa, medida do endividamento sobre o Ebtida (lucro antes de juro, impostos, amortizações e depreciações),  no entanto, estava em 2,08 no terceiro trimestre. “Não há nada que aponte risco de endividamento”, pondera Corrêa.

Outro analista consultado, que preferiu não ser identificado, ainda levantou a questão dos investimentos realizados pela Cemig. “Parte das emissões pode estar atrelada a um investimento de curto prazo, porque a empresa tem entrado em vários projetos”, afirma. Das empresas do setor em que atua, a Cemig tem se posicionado como compradora. “Com isso, ela acaba se alavancando, porque assume as dívidas de outra empresa”, conta o analista. 

A emissão de debêntures sucede uma oferta de notas promissórias, feita pela empresa em dezembro do ano passado, na tentativa de montar um “colchão” de recursos e partir para aquisições no mercado de energia mundial. A emissão de notas promissórias tinha o valor de R$ 6,5 bilhões, prazo de um ano e taxa de retorno de 106% do CDI (Certificado de Depósito Interbancário). De acordo com Corrêa, da Ativa, a orientação aos investidores para Cemig é de compra, uma vez que entre as ações defensivas ela está entre as mais baratas. 

A aquisição mais recente foi de 4,38% da Companhia de Gás de Minas Gerais (Gamig) por R$ 67,2 milhões, no fim de dezembro. Ontem, a ação ordinária fechou o pregão na BM&FBovespa com alta de 0,19%, a  R$ 26,85, enquanto a preferencial apresentou queda de 1,25% chegando a R$ 32,55. (Brasil Econômico)

Leia também:
* Pinga-Fogo Setor Elétrico: ANEEL, CEB e MPX Energia
* Chesf acredita em renovação de concessões; empresa é a mais afetada pelo tema
* Gesel-URFJ mostra preocupação com atrasos e incerteza de geração de parques eólicos
* Atrasos em transmissão comprometem planos para expansão do parque gerador, aponta estudo