Na sexta-feira (9), o executivo Djalma Morais deu um dos mais importantes passos em sua trajetória de 13 anos à frente da Cemig, uma das maiores empresas de geração, transmissão e distribuição de energia do Brasil. Morais entregou a proposta para adquirir os 21,35% que o governo português detém na EDP, um gigante do setor na Europa. Como se trata de um leilão fechado, o valor não foi revelado. “É um movimento estratégico”, afirma Morais, em entrevista ao BRASIL ECONÔMICO. “Espero que nossa proposta seja competitiva.” Para a Cemig, a eventual aquisição representaria um salto em direção à meta, estabelecida por Morais, de se tornar uma das três maiores companhias de energia do país no prazo de 5 a 8 anos.
A Cemig enfrentará concorrência dura para levar a EDP, pois três outros grupos também apresentaram propostas: a alemã E.ON, a brasileira Eletrobras e a chinesa China Three Gorges. Em jogo, está a participação de 21,35% na companhia, que pertence ao governo português. O preço de referência estipulado para a concorrência é de ¤ 2,2 bilhões, superior ao atual valor de mercado dessa fatia, de cerca de ¤ 1,8 bilhão. Em compensação, o grupo vitorioso se tornará o maior acionista individual, o que, segundo a legislação portuguesa, garante o controle. Tratase de um negócio de grande porte.
O faturamento anual da EDP está na casa de ¤ 14 bilhões e o lucro líquido em ¤ 1 bilhão. Mas a herança também inclui endividamento acima do desejável, de ¤ 16 bilhões. Isso equivale a cinco vezes o Ebtida, relação que demonstra uma saúde financeira que inspira cuidados. Os números não tornam a EDP menos atraente para a Cemig. Há uma grande sinergia que pode ser capitalizada pela empresa brasileira, como admite Djalma Morais. A aquisição significa, por exemplo, passo decisivo no processo de internacionalização. Atualmente, fora do país, a Cemig atua apenas na área de transmissão, no Chile, onde desembarcou em 2010.
Já a EDP tem presença em mais de 10 países, sobretudo na Europa. Enfim, em um só lance, a Cemig se torna uma empresa globalizada. Dentro de casa, a Cemig também ganharia músculos. Por aqui, o grupo português detém importantes posições na área de distribuição no litoral norte de São Paulo, através da Bandeirante Energia, e no Espírito Santo, graças à Escelsa. A Cemig ,por sua vez, domina o setor em Minas Gerais e no Rio de Janeiro, com a Light. “Se ficarmos com esses ativos da EDP, teremos uma situação privilegiada em todo o Sudeste do país”, comenta um executivo da companhia.
Mais: com essa movimentação, a Cemig colocaria nas cordas um de seus principais concorrentes, o grupo espanhol Endesa, cujas operações mais importantes estão localizadas justamente no Rio de Janeiro e no Espírito Santo. “Com a possível união de Cemig e EDP, a Endesa ficaria pequena para o tamanho do jogo”, diz um analista do setor de energia. “Ela poderia se transformar num alvo de aquisição da própria Cemig.” A aquisição da EDP abriria outras portas para a Cemig, segundo a avaliação de Morais. “A empresa portuguesa é uma das líderes globais em energias alternativas e domina amplamente a tecnologia eólica”, diz. De quebra, a empresa brasileira ganha pontos no mercado de capitais. Listada na Bolsa de Nova York, a Cemig poderia dar saltos significativos no Dow Jones Sustainability Index, o índice que mede o nível de sustentabilidade das grandes corporações. Neste ano, a EDP lidera o ranking no setor de Utilities (que engloba empresas nos setores de saneamento, energia, gás, entre outros). Entre outros benefícios, a Cemig também se tornaria mais verde com a EDP. (Brasil Econômico)
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* Cemig e Eletrobras na na briga pela EDP
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A Cemig enfrentará concorrência dura para levar a EDP, pois três outros grupos também apresentaram propostas: a alemã E.ON, a brasileira Eletrobras e a chinesa China Three Gorges. Em jogo, está a participação de 21,35% na companhia, que pertence ao governo português. O preço de referência estipulado para a concorrência é de ¤ 2,2 bilhões, superior ao atual valor de mercado dessa fatia, de cerca de ¤ 1,8 bilhão. Em compensação, o grupo vitorioso se tornará o maior acionista individual, o que, segundo a legislação portuguesa, garante o controle. Tratase de um negócio de grande porte.
O faturamento anual da EDP está na casa de ¤ 14 bilhões e o lucro líquido em ¤ 1 bilhão. Mas a herança também inclui endividamento acima do desejável, de ¤ 16 bilhões. Isso equivale a cinco vezes o Ebtida, relação que demonstra uma saúde financeira que inspira cuidados. Os números não tornam a EDP menos atraente para a Cemig. Há uma grande sinergia que pode ser capitalizada pela empresa brasileira, como admite Djalma Morais. A aquisição significa, por exemplo, passo decisivo no processo de internacionalização. Atualmente, fora do país, a Cemig atua apenas na área de transmissão, no Chile, onde desembarcou em 2010.
Já a EDP tem presença em mais de 10 países, sobretudo na Europa. Enfim, em um só lance, a Cemig se torna uma empresa globalizada. Dentro de casa, a Cemig também ganharia músculos. Por aqui, o grupo português detém importantes posições na área de distribuição no litoral norte de São Paulo, através da Bandeirante Energia, e no Espírito Santo, graças à Escelsa. A Cemig ,por sua vez, domina o setor em Minas Gerais e no Rio de Janeiro, com a Light. “Se ficarmos com esses ativos da EDP, teremos uma situação privilegiada em todo o Sudeste do país”, comenta um executivo da companhia.
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