sexta-feira, 11 de novembro de 2011

Nova conta de luz incentiva superelétricas

Revisão tarifária deve levar à criação de megadistribuidoras de energia, com escala para atender mais consumidores Mudanças no setor se alinham ao plano do governo Dilma Rousseff, que também terá o apoio do BNDES

As mudanças promovidas pela Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica) nas tarifas de energia vão forçar a criação das superelétricas, megadistribuidoras para controlar o fornecimento de eletricidade para regiões com grandes concentrações de consumidores. Nesse sentido, toda a mudança tarifária promovida pela agência reguladora se alinha ao plano do governo federal de incentivar a criação das megacompanhias de distribuição de energia. Algo que também deverá ter o apoio do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social).

Grupos com mais de 5 milhões de consumidores atendidos são os principais candidatos a iniciar um processo de fusões com companhias menores. Não está descartado que esses negócios ocorram entre eles mesmos. Empresas como a Cemig (10,8 milhões de consumidores), a Neoenergia (9,2 milhões), a AES Brasil (7,3 milhões) ou a CPFL Energia (5 milhões) devem assumir a dianteira desse movimento de reconcentração da distribuição no Brasil.

As pequenas distribuidoras ficam pressionadas com novas metas de qualidade e eficiência. Com os altos custos operacionais sem a correspondente escala de atendimento, as empresas podem começar a ter problemas. Sem atingir as metas de de qualidade e eficiência, as distribuidoras não terão os repasses integrais para recomposição das tarifas. No médio prazo, podem não alcançar as remunerações de capital exigida pelo investidor.

SINAL - "Acho que o sinal é esse [a da concentração]", afirma Nelson Fonseca Leite, presidente da Abradee (Associação Brasileira de Distribuidores de Energia Elétrica). A gigante Cemig disse que vai buscar a ampliação da participação no mercado brasileiro. Com 10,8 milhões de consumidores (16,9% do mercado brasileiro), a empresa avalia aquisições.

O problema, segundo Luiz Fernando Rolla, diretor de finanças e relações com investidores da Cemig, é a falta de ativos disponíveis para essas associações. "Acho muito difícil conseguir empresas à venda com 3,5 milhões de consumidores. Não acho que vamos conseguir elevar a participação para 20% do mercado", disse. A tendência, reconhece, é um processo de concentração que deverá começar pelas companhias menores.

A previsão do setor de distribuição é que esse movimento avance nos próximos dois anos. Além das nacionais, a expectativa, pelo menos da Cemig (a maior do setor), é que companhias estrangeiras -principalmente as europeias- entrem no Brasil, como a francesa EDF, a espanhola Endesa, a alemã E.On e a italiana Enel. (Folha de S. Paulo)

Leia também:
* CPFL diz estar pronta para terceiro ciclo
* Negócios e pesquisa em energia eólica no Brasil
* Exportação brasileira de energia para países vizinhos cresce neste ano
* Light investe em projetos de eficiência energética no Rio e em São Paulo