quarta-feira, 5 de outubro de 2011

Preço da geração eólica vai manter tendência de queda no próximo leilão

O diretor executivo da Associação Brasileira de Energia Eólica (ABEEólica), Pedro Perrelli, prevê nova queda no preço médio cobrado pelos geradores eólicos no leilão A-5 (para entrega a partir de 2016), que será realizado em dezembro. Ele não espera redução tão acentuada quanto as registradas nas últimas disputas, mas acredita que pode chegar a R$ 1,50 por megawatt/hora (MWh), para valor médio em torno de R$ 98 o MWh.
Para Perrelli, a maior competitividade da eólica permitirá ao setor responder por 11% a 12% da matriz de geração elétrica do país em 2020, com parque instalado de 20 mil MW. Hoje, conforme a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), o segmento tem pouco menos de 1,2 mil MW distribuídos em 60 usinas e representa 0,94% da potência instalada total de 124,1 mil MW. Em 2014, devido aos leilões desde 2009, esta fatia já chegará a 5,6%, com 7,2 mil MW instalados em 271 usinas, prevê a ABEEólica.

Nos leilões de reserva e A-3 de agosto, os preços médios da energia eólica fecharam em R$ 99,54 e R$ 99,58 por MWh, respectivamente, ante R$ 130,86 em agosto de 2010, segundo a Empresa de Pesquisa Energética (EPE), do governo federal. Segundo Perrelli, que fez palestra ontem na Federação das Associações Comerciais do Rio Grande do Sul (Federasul), "a compressão do preço está chegando ao final", mas ainda assim a próxima disputa terá condição "favorável" para uma nova redução.

De acordo com o executivo, como o prazo de construção de um parque eólico é bem inferior aos cinco anos previstos para a entrega da energia ao Sistema Interligado Nacional, as vencedoras poderão antecipar a amortização dos investimentos com a venda no mercado livre até 2016. Dos 377 projetos cadastrados na EPE para o leilão de dezembro, 296 são eólicos, que representam 7,5 mil megawatts (MW), do total inscrito de quase 24,3 mil MW.

Até agora, segundo Perrelli, os preços da energia eólica vêm caindo devido ao maior interesse dos investidores no mercado brasileiro, causado pela interrupção de projetos na Europa e nos Estados Unidos e pela "ligeira redução" do ritmo de crescimento do setor na China. O câmbio e a confiança em relação ao cumprimento dos contratos de longo prazo no Brasil também contribuíram, disse o executivo. Segundo ele, na época do Programa de Incentivo às Fontes Alternativas de Energia (Proinfa), lançado em 2002, o MWh foi vendido em média a R$ 298.

Atraídas pela expansão do setor, multinacionais fabricantes de equipamentos para eólicas estão anunciando investimentos no país e ajudando a reduzir os preços, explicou Perrelli. A ABEEólica já conta com onze associadas com fábricas em operação, em construção ou em estudos. O grupo inclui Alstom, Clipper, Fuhrländer, Gamesa, GE, Impsa, Suzlon, Siemens, Vestas, WEG e Wobben /Enercon.

Conforme o executivo, o volume de contratações de energia eólica desde 2009 (sem contar o próximo leilão de dezembro), próximo dos 2 mil MW por ano, oferece demanda suficiente para a expansão da indústria de equipamentos. (Valor Econômico)


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