quinta-feira, 29 de setembro de 2011

Oferta de energia precisa crescer cerca de 5% ao ano, diz secretário de Desenvolvimento Energético

O Brasil terá de enfrentar o desafio de expandir a oferta de energia a uma taxa ao redor de 5% ao ano, conforme assinalou o secretário de Planejamento e Desenvolvimento Energético do Ministério de Minas e Energia, Altino Ventura Filho. Em audiência que debateu o Plano Decenal de Energia 2011/2020, ele disse que esforço significa dobrar o sistema energético ao fim de 12 anos, ampliando em 70% a atual capacidade instalada de 112 mil megawatts.

Altino Ventura salientou que o país apresenta vantagens competitivas, pois enquanto tem uma matriz energética diversificada, utilizando mais de 86% de fontes renováveis para produzir energia, esse índice cai a 18% no restante do mundo. Entre outros dados, mostrou que até 2020 a participação do petróleo na matriz de energia cairá de 37,8% para 30,4%. Quanto aos derivados de cana, haverá um aumento dos atuais 17,7% para 21,8%.

- É uma matriz com predomínio de fontes competitivas, de baixa emissão de gases de efeito estufa e tecnologia nacional em que o Brasil tem grande potencial - destacou o secretário do ministério.

Como observado pelo presidente da Empresa de Pesquisa Energética (EPE), Maurício Tomalsquim, apesar do esperado crescimento da produção de petróleo no país, em virtude das reservas da camada pré-sal, a participação do petróleo na matriz de consumo será reduzida. Assim, o Brasil se transformará em grande exportador do produto, com vendas ao redor de três milhões de barris ao dia.

A audiência foi realizada pelas comissões de Serviços de Infraestrutura (CI) e de Assuntos Econômicos (CAE) e dirigida pelo vice-presidente da CI, senador Blairo Maggi (PR-MT). Na avaliação do plano decenal, as associações de produtores privados de energia que participaram do evento se queixaram da pouca atenção à construção de usinas termoelétricas. Argumentaram que elas podem responder rapidamente com aumentos da oferta de energia nas crises de abastecimento.

O senador Delcídio Amaral (PT-MS), propositor da audiência, foi um dos que criticaram possíveis excessos da legislação ambiental, com prejuízos ao setor. Por exigências ambientais, lembrou que as novas usinas hidroelétricas já não podem formar grandes reservatórios de água, operando apenas a "fio d'água". Por isso, disse que o país não pode descartar a energia termoelétrica nem desconsiderar o uso futuro da energia nuclear.

O senador Walter Pinheiro (PT-BA) disse que o planejamento do aumento da oferta de energia deve levar em conta o potencial de crescimento de regiões que muitas vezes não recebem a devida atenção, como aconteceu no passado com o semiárido baiano. O senador Lobão Filho (PMDB-MA) defendeu que os leilões para contratação de energia sejam dirigidos a segmento de produção. (Agência Senado)


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