quinta-feira, 1 de setembro de 2011

Leilão permite a usinas eólicas venderem no mercado livre

As empresas geradoras de energia eólica veem com bons olhos a iniciativa do governo de abrir para participação das fontes eólicas o leilão de A-5 que será realizado em dezembro. Para as companhias do setor será uma oportunidade de antecipar a construção de empreendimentos e vender energia no mercado livre até que seja necessário honrar os contratos fechados no A-5.

"O fato de poder construir em mais tempo, pode fazer com que alguns players continuem construindo em menos tempo e, enquanto não entrega a energia no mercado regulado, ele comercializa no livre", afirmou Ricardo Simões, presidente da Abeeólica, instituição que representa as companhias do setor.

Para o executivo, haverá mais tranquilidade para realizar as obras de conexão com o Sistema Interligado Nacional (SIN) e as empresas poderão se beneficiar com o volume maior de energia que precisa ser contratado no A-5. Este ano, no leilão de A-3 realizado este mês, foram contratados quase 2 mil MW em projetos de usinas eólicas.

Atualmente o país tem 57 parques eólicos em operação, com 1.123 MW de potência instalada. Outros 30 parques estão em construção e vão gerar até 819,4 MW. No total, o Brasil terá 7.231 MW instalados em usinas eólicas ao final de 2014.

O presidente da Empresa de Pesquisa Energética (EPE), Maurício Tolmasquim, caso não houvesse autorização para que fontes além da hidráulica entrassem no A-5, haveria falta de energia frente à demanda das distribuidoras. Energia que precisaria ser contratada em leilões posteriores.

"Esses empreendimentos, feitos com antecedência, com o empreendedor entrando antes e vendendo para o mercado livre, melhoram o fluxo de caixa dele", afirmou Tolmasquim, que participou do Brazil Windpower 2011, no Rio de Janeiro. "Eles vão poder fazer um negócio melhor e eventualmente até ter um preço melhor [para a tarifa]", acrescentou. Para Simões, da Abeeólica, a consolidação do mercado de energia eólica no Brasil passa pela "entrada de forma sustentável" no mercado livre.

Segundo ele, no mês que vem será apresentado ao Ministério de Minas e Energia um estudo encomendado pela associação que mostra as possibilidades de aumentar a energia assegurada dos parques eólicos através de uma integração com o sistema hidrelétrico.

O executivo se mostrou otimista em relação ao desempenho das geradoras eólicas no A-5, mas ponderou que não há certeza se os preços virão menores que os apresentados pelas eólicas no A-3, quando os projetos do setor foram vitoriosos com o preço do megawatt-hora ao redor de R$ 100.

"Sei que [a participação no A-5] abre modelagem de negócio diferente do que a gente tem visto nesses leilões. A criatividade está aí e o mercado vai buscar as soluções", frisou, criticando apenas a demora dos órgãos ambientais estaduais em conceder licenças para os projetos, processo que, segundo Simões, tem demorado cerca de um ano. ( Valor online)

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