Os desafios do setor elétrico para fazer frente ao crescimento da demanda, as questões regulatórias e os avanços tecnológicos na área da energia foram os temas apresentados pela coordenadora do Centro de Regulação da Fundação Getulio Vargas, Joisa Dutra. Pelas projeções da Empresa de Planejamento Energético, o Brasil deve aumentar sua capacidade de geração de energia em 61%, de 2009 a 2019, passando de 103 mil megawatts de capacidade instalada para 167 mil MW.
A carga gerada anualmente deve aumentar 54% até 2019, passando da média de 55 mil MW para 85 mil MW. Para Joisa, o momento brasileiro é favorável ao setor, mas também traz muitos desafios. "Há perspectivas de crescimento for te, mas isso demanda também grandes investimentos", afirmou.
Na área regulatória, a especialista ressaltou a preocupação com as concessões que vencerão a par tir de 2015. Segundo ela, as concessões de 22,5% do parque hidrelétrico do País (43% da capacidade instalada) expiram nos próximos anos. Na área de distribuição, 43 das 64 concessões terminam entre 2015 e 2020. Na transmissão, esse percentual chega a 82%. As renovações ou as novas licitações ainda não foram definidas pelo governo. "Existem múltiplas soluções, mas há indícios de que o governo teria preferência pelas renovações", afirmou ela, lembrando que as estatais serão, proporcionalmente, as mais afetadas pelo vencimento das concessões atuais.
Nos aspectos sociais e de sustentabilidade do modelo regulatório, Joisa também ressaltou os resultados alcançados como a universalização do acesso à energia elétrica, que atinge 98% da população, e a diversificação da matriz energética. "O Brasil está numa posição privilegiada, com grande par ticipação de energia renovável".
A economista ainda falou sobre uma nova tecnologia que poderá revolucionar o setor elétrico: as Redes Elétricas Inteligentes (REI), que preveem a criação de redes de distribuição bidirecionais, em que os consumidores também gerariam energia para um sistema integrado, produzida em placas solares ou mecanismos similares. Outra possibilidade é a adoção de tarifas diferenciadas por horários para cada consumidor, que proporcionaria mais economia de recursos.
Brasil vive ‘momento mágico' na área de energia
A grande diversificação da matriz energética brasileira, com elevada par ticipação de fontes renováveis, e a baixa dependência externa no suprimento levam o país a um "momento mágico" na área energética. A avaliação é da diretora de Planejamento, Novos Negócios e Comercialização da Eletrobras Furnas, Olga Simbalista.
A executiva destacou os rápidos avanços do setor de energia no Brasil e a sustentabilidade da matriz energética nacional. "O Brasil era o país do futuro, pois na área de energia o futuro já chegou", afirmou Olga, lembrando que, até o período pós-guerra, 86% da energia brasileira ainda vinham da queima de lenha.
Pelos dados de 2010, 87% da eletricidade do país vêm de fontes renováveis, sendo 80% de hidrelétricas. Na par ticipação na matriz energética total, considerando todas as formas de energia utilizadas, as fontes renováveis representam 45%, com destaque de 14% das fontes hídricas e de 17%, dos derivados da cana-de-açúcar.
No mundo, a par ticipação das fontes renováveis é bem inferior. Os combustíveis fósseis, como o petróleo e o car vão, respondem pela geração de 68% de toda a eletricidade consumida globalmente. Na matriz energética global de 2010, os combustíveis fósseis representavam 82%. No Brasil, as perspectivas para os próximos anos são ainda melhores, segundo Olga. Até 2019, o Brasil deverá ter uma par ticipação de 48% das fontes renováveis na matriz energética total, enquanto no mundo fica em torno de 13%. A diretora da Eletrobras Furnas destacou os avanços no país da geração de energia eólica. "Na semana passada, tivemos um leilão de energia eólica. Vamos construir torres de geração de até 140 metros de altura, com fator de aproveitamento de 54%. Isso é uma revolução", afirmou ela, ressaltando que esse tipo de energia já compete com a hidráulica em termos de preço.
A vantagem brasileira na segurança do abastecimento, com base na produção de 95% da energia que consome, também foi destacada pela executiva. "A dependência externa já chegou a 45% após o choque do petróleo. Hoje, o suprimento brasileiro depende de apenas 5% de impor tações, concentrados no gás da Bolívia, no car vão que alimenta a indústria siderúrgica e na energia gerada pela Itaipu Binacional. Não há outro país no mundo com um nível de dependência tão baixo", declarou. (O Globo)
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