terça-feira, 19 de julho de 2011

Associação de termelétricas vê preço apertado no leilão e critica contratos da Petrobras

O preço-teto de R$139 por MWh para o leilão de energia A-3, divulgado hoje pela Agência Nacional de Energia (Aneel) é visto como "apertado" e deve forçar uma competição agressiva, principalmente entre as termelétricas a gás e os parques eólicos. A análise é do diretor-executivo da Associação Brasileira de Geração Flexível (Abragef), Marco Antônio Velloso. O executivo ressalta que tem sido "frequentemente surpreendido" pelos resultados dos certames e que as negociações em andamento podem mudar o cenário, mas aponta que os contratos hoje oferecidos pela Petrobras podem dificultar a vida dos investidores térmicos.

"Hoje a condição não é muito atraente. O preço do gás é um tanto salgado", aponta Velloso. Ele lembra que, pelos termos propostos pela Petrobras para fornecer o insumo, os valores pagos pelas usinas à estatal seriam reajustados mensalmente; enquanto isso, pelas regras do leilão, o valor pago para ressarcimento da geração será mudado apenas anualmente. "Fica muita incerteza (para o empreendedor)", analisa.

Nessas condições, Velloso aposta no sucesso da MPX Energia, que faz parte do Grupo EBX, do empresário Eike Batista. Isso porque a empresa usaria gás fornecido pela OGX, que faz parte do mesmo grupo. "A MPX está fora disso, tem seu gás, tem um potencial competitivo invejável".

Para Roberto Brandão, do Grupo de Estudos do Setor Elétrico da Universidade Federal do Rio de Janeiro (Gesel/UFRJ), a MPX também aparece como "cncorrente forte". O especialista, porém, acredita que outros grupos de setor termelétrico podem aparecer com "uma postura mais agressiva". "Você reverteu a situação dos últimos anos, em que havia uma oferta de gás relativamente pequena. Agora está tendo uma reversão, com oferta sobrando no longo prazo".

Brandão também lembra que as térmicas não vinham tendo oportunidades nos últimos certames promovidos pelo governo, o que faz com que esse A-3 seja visto como "uma janela" para a indústria da área. E avalia que a tarifa-teto estimada pelo governo é "viável", com um valor "justo, sem muita sobra".  (Jornal da Energia)

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