quarta-feira, 8 de junho de 2011

O futuro da energia eólica no Brasil

O setor de produção de energia eólica no Brasil atrai cada vez mais empresas estrangeiras, incentivadas pela crise nos mercados desenvolvidos e pelo potencial de geração energética brasileira, calculado em mais de 60 mil MW provenientes somente dessa fonte renovável, segundo a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel). Não é à toa que o Global Wind Energy Council, o principal fórum do setor em escala mundial, afirma que o Brasil é o país mais promissor dentre os novos mercados para a energia eólica e prevê que os investimentos na região podem ultrapassar US$ 20 bilhões até o fim da década. - Outros pontos positivos para os investimentos em terras brasileiras são a valorização do real, que tornou mais baratos os equipamentos eólicos, e os programas de incentivo do governo brasileiro, como o Programa de Incentivo às Fontes Alternativas (Proinfa) e o Programa de Financiamento à Infraestrutura, que vêm despertando a atenção dos investidores. O Estado também busca viabilizar os projetos com o financiamento para a construção de vias e a redução do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS).

Essa atratividade pode ser facilmente observada com o crescimento do número de parques eólicos nos estados brasileiros, em especial na Região Nordeste. A instalação das primeiras turbinas eólicas no País ocorreu no início da década de 90, no Estado do Ceará e nas ilhas de Fernando de Noronha. Hoje, há 50 parques eólicos em operação no País, segundo dados da Associação Brasileira de Energia Eólica (Abeeólica). O número é sete vezes maior que o registrado em 2003, quando apenas seis centrais eólicas estavam em operação.

Há ainda muito espaço para crescer. As turbinas eólicas instaladas no Brasil geram apenas 0,87% de toda a energia do País, ou seja, 1 gigawatt. A expectativa, porém, é que essa participação chegue a 4,3% nos próximos anos, como resposta ao desenvolvimento de novos parques. Existem pelo menos 35 parques em construção no País, que devem garantir mais 1 gigawatt na rede de transmissão do País. É importante que as políticas de implantação dos parques eólicos sejam mantidas, o que gera para o Brasil desenvolvimento sustentado, criação de novos postos de trabalho e crescimento industrial.

A competição, contudo, está cada vez mais acirrada, o que tem impactado diretamente no preço pago pelo MWh nos leilões organizados pela Aneel. Enquanto em 2009 os valores ficaram em torno de R$ 148, no ano passado eles caíram para cerca de R$ 130. E encontrar parques suficientemente competitivos para responder aos valores pagos está se tornando cada vez mais difícil, uma vez que as melhores áreas já estão ocupadas ou são disputadas a dedo. Além da Gestamp Wind, ao menos outras seis empresas multinacionais anunciaram investimentos no Brasil nos próximos anos.

A disputa faz com que os preços nos leilões estejam cada vez menores, o que é muito bom para o consumidor final. Entretanto, temos de ficar em alerta porque os projetos precisam de uma base mínima para que se tornem efetivamente realidade e se transformem num crescimento da potência instalada no Brasil.

Todos temos grandes expectativas para o leilão que será realizado no próximo mês de julho. Dos 568 projetos de geração apresentados à Empresa de Pesquisa Energética (EPE) para concorrer na disputa, 429 são de fonte eólica. Reunidos, os projetos eólicos respondem por 10,9 mil MW, quase metade do potencial energético cadastrado pela entidade, de 23,3 mil MW.

Neste remate, a maior parte dos projetos é para o Rio Grande do Norte, seguido pelo Ceará. Somente a Gestamp Wind apresentou para o certame 11 projetos, dos quais 10 são para implantação no estado potiguar. Se aprovados, os novos parques da empresa poderão gerar 260 MW de energia e significarão o investimento de R$ 400 milhões. Nosso plano é criar raízes sólidas no País. Autor: Eduardo García Molina é engenheiro e diretor da Gestamp Wind no Brasil (DCI)


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