São Paulo - Poucos dias depois de investir R$ 1,5 bilhão numa das maiores companhias de energia eólica do País, a CPFL negocia a incorporação da Ersa, uma promissora empresa de energias renováveis. Os entendimentos estão avançada e a operação pode ser fechada em breve, por meio de uma troca de ações entre a CPFL e os vários sócios da Ersa, liderados pela gestora de recursos Pátria.
Formalmente, a operação seria apresentada como uma fusão, para a criação da CPFL Renováveis. Pelo desenho já aceito pela maioria das partes, o controle da empresa ficaria com a CPFL, que teria uma participação de cerca de 60%. O restante ficaria com os atuais sócios da Ersa (Pátria, Eton Park, BTG Pactual, GMR Energia, Bradesco e DEG).
Os planos para a nova empresa incluem, num segundo momento, a abertura do capital para terceiros na bolsa de valores. Além de uma capitalização, o IPO (oferta pública inicial de ações, em inglês) funcionaria como uma porta de saída para os sócios da Ersa interessados em liquidar suas posições. Procurados, CPFL e Pátria não quiseram se pronunciar sobre a transação.
Fechado o negócio, a CPFL colocará na nova empresa seus ativos de energia renovável. A Ersa entraria inteira, com 18 usinas hidrelétricas de pequeno porte (PCHs, no jargão do setor) e 11 parques eólicos já em operação, em construção ou ainda na fase de projetos. A Ersa é uma empresa nova, com pouco mais de três anos de atividade, e vem sendo construída por um grupo de investidores arregimentados pelo Pátria, que cuida da gestão do negócio.
De 2009 para o ano passado, o número de usinas em operação aumentou de três para oito. Com isso, o faturamento deu um salto de R$ 42 milhões para R$ 110 milhões. Este ano, outras três usinas deveriam entrar em operação.
Aposta. O movimento da CPFL mostra que a energia alternativa já não é mais uma aventura típica de investidores de nicho, mas tornou-se uma aposta das grandes companhias de energia.
Afinal, com R$ 12 bilhões de faturamento no ano passado, a CPFL é uma das maiores empresas da área de energia tradicional e é controlada por acionistas conservadores em seus investimentos, como o grupo Camargo Corrêa e o fundo de pensão Previ (dos funcionários do Banco do Brasil).
Para crescer no novo negócio, há mais de um ano a CPFL vem buscando no mercado operações que garantam não apenas ativos, como também conhecimento na área de energias renováveis. Na semana passada, a própria CPFL anunciou a compra da Siif Énergies, dona de quatro usinas eólicas em operação no Ceará e de vários outros projetos, por R$ 1,5 bilhão. Ao todo, a empresa já investiu R$ 3 bilhões em energia eólica.
Essas aquisições permitiram que a CPFL alcançasse o posto de segunda maior geradora privada do País, ultrapassando a americana AES. A empresa é líder no setor de distribuição de energia, com 13% do mercado, e também na comercialização, com 21% de participação.
Mas, pilotada em suas ações estratégicas pela Camargo Corrêa, a empresa quer mais. A ambição da CPFL é tornar-se um dos consolidadores do setor brasileiro de energia. ( O Estado de S.Paulo)
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