segunda-feira, 21 de março de 2011

Usinas passam por situações diferentes

Indicadas como modelos de eficiência entre os projetos listados no PAC (Programa de Aceleração do Crescimento), as usinas hidrelétricas de Jirau e de Santo Antônio, ambas no rio Madeira (RO), começam a tomar rumos distintos. Os dois projetos foram idealizados sob uma promessa: antecipar as obras e iniciar a geração de energia antes do prazo determinado no contrato assinado com a Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica).

A fúria dos trabalhadores no canteiro de Jirau e o atraso no licenciamento da linhas de transmissão que trará a energia de Rondônia para São Paulo começam a mudar os planos. Por enquanto, somente a Mesa (Madeira Energia S.A.), empresa responsável pela construção da hidrelétrica de Santo Antônio, tem compromisso firme com a antecipação. A empresa assinou um aditivo ao contrato no qual se compromete a antecipar a entrega da energia da usina.

A previsão inicial para a operação da primeira turbina de Santo Antônio era dezembro de 2012. Agora, a operação está prometida para dezembro deste ano. É quando a primeira máquina começa a produção de energia. Mas há um problema. A linha de transmissão de 2.400 quilômetros. O projeto de Furnas e da CTEEP (Companhia de Transmissão de Energia Elétrica Paulista) aguarda a licença de instalação do Ibama. A solução da Mesa será gerar energia em 500 kV (quilovolts), rebaixar a tensão para 230 kV e distribuir no mercado regional. A Energia Sustentável do Brasil, empresa encarregada da construção e operação de Jirau, também prometeu antecipar a geração de energia, mas pode não conseguir.

Diferentemente de Santo Antônio, a companhia apenas anunciou a antecipação, mas jamais topou assinar um aditivo ao contrato para oficializar a decisão junto à agência reguladora. Por contrato, a empresa tem até janeiro de 2013 para acionar a primeira máquina. A Energia Sustentável chegou a sugerir o mês de março de 2012 como início da operação da primeira turbina. Mas a fúria dos trabalhadores nesta semana deve comprometer essa meta de vez. A volta ao ritmo normal de obras levará tempo, até a reconstrução da infraestrutura para alojar os 20 mil trabalhadores.

PARTE DA CONTA
Com a antecipação, a usina de Santo Antônio conseguirá obter uma receita para compor a engenharia financeira montada para bancar a construção da obra. Sem isso, a empresa Energia Sustentável pode ter dificuldades para fechar a conta. Isso pode ser um problema, caso seja considerado o fato de que ambas as obras começam a estourar a previsão inicial de custo. Participante do mercado informa que o custo de Santo Antônio subiu de R$ 12 bilhões para R$ 14 bilhões. Jirau também já teria subido de R$ 10 bilhões para além de R$ 13,5 bilhões. (Folha de S. Paulo)

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