Com uma das maiores reservas de urânio do mundo e reconhecido conhecimento tecnológico, o Brasil não pode se dar ao luxo de descartar a energia nuclear, segundo o presidente da Eletrobras Eletronuclear, Othon Luiz da Silva. Ele participou nesta quarta-feira de audiência pública da Comissão de Minas e Energia da Câmara dos Deputados sobre o assunto.
A opinião foi compartilhada pelo presidente da Comissão Nacional de Energia Nuclear (Cnen), Odair Gonçalves, que descartou mudanças no Programa Nuclear Brasileiro em razão do recente acidente radioativo ocorrido em Fukushima, no Japão, após um terremoto de magnitude 9 e um tsunami de 14 metros. O programa prevê a construção de mais quatro usinas nos próximos anos, além das duas já existentes em Angra dos Reis (RJ) – Angra 1 e Angra 2.
Riscos
Gonçalves classificou de “precipitada” a decisão da Alemanha de fechar usinas e vinculou a medida ao período eleitoral daquele país. Ele também refutou a hipótese de ocorrer no Brasil uma catástrofe semelhante à japonesa. "Nosso território não possui falhas tectônicas; isso impossibilita a ocorrência de terremotos sequer de grau 4. Mesmo assim, as usinas, para conseguir licenciamento, têm de demonstrar que são resistentes a um terremoto de grau 7, o que jamais vai acontecer no Brasil. Além disso, também é exigida a existência de diques, a fim de resistir a ondas de até 8 metros de altura", explicou.
O deputado Domingos Sávio (PSDB-MG), no entanto, lembrou que já ocorreram terremotos no País e que é necessário mais cuidado com o tema: "O imponderável existe e há também a possibilidade de riscos provocados pela ação humana. Tais riscos podem ser desde a queda de uma aeronave até algum erro na operação de equipamentos. É preciso ter humildade neste momento, e não partir para críticas contra a Alemanha, uma nação que detém tecnologias de ponta”, afirmou.
Sávio defendeu a exploração de energias alternativas como a eólica e a solar. Othon Silva, entretanto, afirmou que não é viável pensar que elas vão substituir as outras formas. "A não ser que queiramos pagar muito mais caro do que pagamos hoje", comentou.
Eletronuclear defende usinas atômicas para aumentar oferta de energia
O presidente da Eletronuclear, Othon Luiz Pinheiro da Silva, disse nesta quarta-feira a parlamentares da Frente Parlamentar Ambientalista que nem mesmo o Japão poderá abrir mão da energia nuclear. O país acaba de sofrer um acidente na usina nuclear de Fukushima. Pinheiro da Silva afirma que o Japão já usou toda a sua capacidade de energia hidráulica e tem 57 usinas nucleares.
Segundo o presidente da Eletronuclear, o Brasil também precisa aumentar a sua capacidade de geração de energia. "O que mais mata, mata mais do que qualquer outra doença no Brasil, é falta de saneamento. E saneamento é extremamente intensivo em termos de consumo de eletricidade, precisa de um motor elétrico para tocar a bomba, para tratar a água, colocar na nossa casa; precisa de motor elétrico para tratar o nosso esgoto", afirmou. Pinheiro da Silva também citou a necessidade de melhorar o transporte urbano por meio de coletivos elétricos.
Alternativa
Já o coordenador da Campanha Clima e Energia do Greenpeace, Ricardo Baitelo, afirma que o aumento da capacidade de geração de energia não precisa se dar pela solução nuclear. "Com a energia que virá de Angra 3, nós poderíamos gerar o mesmo com a energia eólica em apenas dois anos. O que a gente levaria cerca de seis a dez anos para construir, poderia ser suprido por parques eólicos no Nordeste e no Sul do País em menos de dois anos", disse.
O coordenador da Frente Parlamentar Ambientalista, deputado Sarney Filho (PV-MA), disse que o acidente no Japão vai encarecer a energia nuclear porque novas regras de segurança terão que ser elaboradas. Ele também informou que a Assembleia Legislativa do Espírito Santo estuda uma emenda constitucional que proibiria a instalação de usinas nucleares no estado. (Agência Câmara)
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