O secretário de Energia de São Paulo, José Aníbal, defende que grandes consumidores de energia como hotéis, shoppings e prédios comerciais passem a adotar a cogeração de energia a gás natural ou a biocombustível. Na prática, o modelo funcionaria também com grandes geradores. Mas seriam equipamentos modernos, que trabalham com um combustível menos poluente.
Em alguns casos, a energia gerada e não consumida poderia até mesmo ser vendida a outros consumidores. “Grandes conjuntos comerciais e shoppings no mundo todo já são dotados de cogeração a gás”, justifica ele. Aníbal nega que esta seja uma alternativa à falta de segurança no sistema elétrico. Mas admite que a preocupação ronda amente do empresariado que aposta na cogeração: “Com a cogeração, ele gera energia mais barato do que paga para a rede. No Brasil, existe esse propósito. Mas também (ocorre) porque o empresário não pode estar sujeito às interrupções do sistema, porque existem equipamentos que não podem ficar sem alimentação de energia por muito tempo”, diz.
Para Adriano Pires, do Centro Brasileiro de Infraestrutura, os geradores a diesel não se encaixam ao termo cogeração. “Quando você usa o diesel, você está gerando energia. Quando usa o gerador a gás, está cogerando, já que terá uma energia mais barata para consumo próprio que poderá, inclusive ser vendida a terceiros”, diz .
O governo de São Paulo estuda medidas de incentivo para fazer com que empresas que sejam grandes consumidoras adotem o modelo. Mas, no Brasil, a prática ainda engatinha. Segundo o vice-presidente da Comgás, Sérgio Luiz da Silva, a empresa tem 23 grandes clientes industriais que cogeram energia. No segmento comercial são 93 clientes. “Em termos de custo, o megawatt-hora de gás é 30% mais barato”, explica.
A empresa acredita que, com o gás que será extraído da exploração do petróleo no campo de Mexilhão, na Bacia de Santos, haverá um excedente que permitirá um desenvolvimento mais rápido deste mercado. “Essa é uma grande oportunidade e precisamos de mercado para escoar esse gás”.
Apesar da base de comparação com 2009 ser pequena, os negócios da empresa em cogeração de energia cresceram 40% no segmento comercial. A adoção desta alternativa para sistemas de ar condicionado cresceu 84%. E a geração de ponta, ou seja, a adoção do mecanismo em horários de pico, subiu 19%.
O gerente de cogeração da empresa, Alexandre Breda, estima que o custo dos geradores a gás seja igual ou até 50% superior ao de geradores a diesel. Mas ressalta que a cogeração não é para procedimentos emergenciais. “O gerador a gás é para uso constante, geração de ponta (uso em horários de pico) ou cogeração. Não é feito para ser utilizado ememergências, como falta de luz”, destaca.
Para o vice-presidente da Associação da Indústria da Cogeração (Cogen), Carlos Roberto Silvestrin, São Paulo tem potencial para cogerar 3.500 MW de energia, ou um quarto da potência da usina de Itaipu. Hoje, acontece na cidade o seminário “Fomento da Cogeração e Climatização a Gás Natural”. (Brasil Econômico)
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