quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

Projeto ClimaGrid ajudará setor elétrico enfrentar mudanças climáticas

Em um futuro próximo, o setor elétrico brasileiro passará a enfrentar, com frequência, eventos severos decorrentes das mudanças climáticas. O projeto ClimaGrid, que será oficialmente lançado no dia 3 de dezembro, a partir das 9h, no auditório do Teatro Folha no Shopping Higienópolis em São Paulo, pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) e a EDP. O projeto agregará à tecnologia das redes elétricas a inteligência das pesquisas científicas na área climática, e será o primeiro a abordar esta temática no Brasil e um dos primeiros no mundo.

Previsto para ser realizado no período de três anos, o projeto ClimaGrid pretende fazer com que dados de vento, chuva, vegetação, raios e temperatura passem a fazer parte do sistema elétrico de forma simples e intuitiva. Devido a sua grande abrangência, o projeto integra diversas áreas, como sustentabilidade, inovação, telecomunicação, tecnologia da informação, voltadas para a distribuição e transmissão de energia elétrica.

Segundo o Fórum de Meio Ambiente do Setor Elétrico, realizado em 2009, o maior desafio do setor elétrico brasileiro é identificar os impactos das mudanças climáticas. “Esta preocupação existe porque as tempestades severas, acompanhadas de altas quantidades de descargas atmosféricas, ventos fortes e chuvas intensas, são responsáveis por um número significativo de falhas no sistema elétrico. Isto ocorre devido ao fato de que 99% das redes brasileiras são aéreas e, desta forma, estão completamente expostas às condições climáticas”, comentou Osmar Pinto Junior, Coordenador do Projeto ClimaGrid e Coordenador do Grupo de Eletricidade Atmosférica (ELAT) do INPE.

Para solucionar estes desafios, o projeto ClimaGrid traz um ângulo inovador ao conceito debatido internacionalmente de smart grids ou redes inteligentes. As redes inteligentes devem transformar o sistema elétrico de forma radical nas próximas duas décadas permitindo às concessionárias de energia e aos consumidores uma interatividade similar ao mundo virtual, tanto no que se refere à disponibilização como ao consumo de energia. Apesar das redes inteligentes pressuporem o acesso a diversas informações em tempo real, como, por exemplo, o estado da rede, elas não prevêem tecnologias que introduzam informações climáticas ao sistema.

“Sempre que se fala de questões climáticas em relação ao futuro do setor elétrico - no âmbito das redes inteligentes - aborda-se que as redes elétricas terão a capacidade de utilizar diversas fontes renováveis de energia, entretanto, comenta-se muito pouco sobre o fato de que as mesmas necessitarão de inteligência também para enfrentar os eventos meteorológicos extremos”, disse Vitor Gardiman, Gerente do Projeto ClimaGrid e Gestor Executivo de Desenvolvimento Tecnológico da EDP Bandeirante e Escelsa.

A estrutura da rede de energia elétrica de hoje ainda segue o modelo criado há mais de 120 anos, quando a primeira linha de transmissão foi instalada em Nova York. Contudo, com a introdução das redes inteligentes será possível uma redução das tarifas (com um preço diferenciado em diferentes horários) e ainda uma melhora na qualidade de energia (isto é, menos variações de tensão e interrupções). Além disto, novas tecnologias passarão a fazer parte do dia-a-dia das pessoas, tais como controlar à distância os eletrodomésticos das casas, os sistemas para irrigar os jardins e a iluminação para a segurança ou, ainda, em um futuro mais distante, carregar a bateria dos carros elétricos em um horário de menor custo de energia. Passados 120 anos com uma mesma tecnologia, as redes inteligentes irão criar novos hábitos para a sociedade, fazendo com que se torne difícil ficar sem elas até por breves instantes. (MS Notícias)

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