O início das obras da gigante Belo Monte, a terceira maior hidrelétrica do mundo, atrás apenas de Três Gargantas e Itaipu Binacional, deve ficar para o ano que vem. Segundo reportagem da Folha de São Paulo, a usina recebeu pareceres contrários do IBAMA para as primeiras instalações, em razão do não cumprimento de condicionantes sócio-ambientais. De acordo com especialistas ouvidos por EXAME.com, o atraso nas obras pode gerar dor de cabeça aos construtores, mas não ameaça o suprimento energético do país.
"O risco do abastecimento de energia no Brasil ser prejudicado [em 2015, data prevista para o início do fornecimento], por causa da demora nas obras de Belo Monte é ínfima", avalia Nivalde de Castro, coordenador do Grupo de Estudos do Setor de Energia Elétrica da Universidade Federal do Rio de Janeiro (Gesel-UFRJ). "Se a usina não estiver pronta e apta a operar, o consórcio responsável terá que comprar energia no mercado para cumprir o que estava contratado".
Segundo o professor da UFRJ, o risco maior do retardamento das operações é o prejuízo financeiro para o consórcio Nesa (Norte Energia S.A). "Como o fornecimento só está previsto para 2015, quanto mais cedo terminarem as obras e começarem as operações da usina, maior a possibilidade do consórcio vender energia no mercado livre e gerar um caixa-extra", diz.
Outro argumento que afasta os riscos de baixa no suprimento de energia é o de que uma hidrelétrica não começa a operar integralmente com todas as suas turbinas ao mesmo tempo. "Mesmo havendo atrasos, é certo que parte da usina estará pronta para operar e produzir energia", afirma Silvio Areco, diretor-executivo da consultoria de energia Andrade & Canellas.
Segundo o especialista, o sistema energético brasileiro está bem estruturado, com recursos para administrar imprevistos. "É importante destacar a existência de um contrato que deverá ser cumprido; compromisso é compromisso e a gestão do consórcio está consciente disso", afirma. "Condição para acender a luz vai ter, mas todo tipo de atraso provoca um remanejo no planejamento e gera custos".
Considerada o principal empreendimento do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento) - com custos estimados entre 19 bilhões e 30 bilhões de reais e capacidade de gerar 4.400 MW em média-, Belo Monte tinha obras previstas para começar em setembro. Mas por não cumprir uma série de condicionantes sócio ambientais impostas pelo IBAMA, a usina ainda não conseguiu a licença ambiental emitida pelo órgão. (Exame)
.
Leia também: