As usinas hidrelétricas brasileiras receberão incentivo econômico para expandirem a atual capacidade instalada. A Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica) vai propor, até junho de 2011, um modelo a partir do qual pretende disciplinar a fórmula de incentivo para esse tipo de investimento. Como toda a conta do setor elétrico, essa também deverá ser paga pelos consumidores. Mas, nesse caso, o custo pode ter como resultado uma boa causa.
Com o mecanismo, a agência espera estimular investimentos que resultem no aumento de 4.600 MW da capacidade instalada no país, mais do que uma usina do rio Madeira. O número é apenas uma projeção, podendo inclusive ser maior.
A principal vantagem é o ganho de nova energia para abastecer o país sem todos os impactos ambientais e sociais de uma usina nova. Outra vantagem que pode advir dessa expansão é o aumento da confiabilidade do sistema elétrico brasileiro nos chamados "horários de pico", período entre as 18h e 21h, em que o consumo de energia dispara no país.
O ONS (Operador Nacional do Sistema Elétrico), responsável pela gestão segundo a segundo do setor elétrico nacional, afirma que o país tem hoje capacidade instalada para abastecer o chamado "horário de pico", mas reconhece que o estímulo para ampliar a capacidade atual pode conferir mais confiabilidade.
FOLGA ATÉ 2014
Hoje, o país tem uma base instalada total (hidrelétricas, termelétricas, eólicas e nuclear) de 110 mil MW, e a carga necessária para energizar a rede brasileira é, em média, de 55 mil MW. Mas o aumento da demanda brasileira também tende a expandir a necessidade nos horários de ponta. Em fevereiro, o país atingiu picos de consumo superiores a 70 mil MW.
Segundo Hermes Chipp, diretor-geral do ONS, até 2014 o país tem folga de 35% a 40% nas usinas para atender o horário de alto consumo. No entanto, isso se reduz bastante no período seco, quando os reservatórios das usinas hidrelétricas estão baixos, momento em que a demanda nos horários mais críticos é abastecida com as termelétricas. "Mesmo assim, não temos problemas para atender o "horário de pico", mas criar um incentivo para expandir essa base é uma iniciativa positiva", afirma Chipp.
INCENTIVO
Rui Altieri, superintendente de Regulação dos Serviços de Geração da Aneel, disse que não há definição quanto à fórmula do incentivo, mas citou alternativas como a relação de leilões para compra de potência em usinas que queiram investir na expansão de capacidade, ou por tarifa ou ainda por encargos. Nada está definido.
Essa mudança pode abrir espaço para investimentos de geradores que estão parados há anos, como a Cesp (Companhia Energética de São Paulo). A Cesp pode elevar em quase 1.000 MW a capacidade atual, com projetos de montagem das quatro máquinas finais em Porto Primavera e das três finais em Três Irmãos. A estatal não fala sobre o assunto. (Folha de S. Paulo)
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