Projetos em desenvolvimento no Brasil sugerem que as aplicações do smart grid - a rede inteligente de energia elétrica - farão uso de diferentes tecnologias de telecomunicações, desde a telefonia móvel até a TV Digital. As soluções aos consumidores, no entanto, vão depender do caminho escolhido pelas diferentes distribuidoras de energia, de olho no modelo de negócios mais interessante para cada região.
Tome-se o exemplo da Cemig e da Light, cuja abordagem parte do desenvolvimento de um medidor eletrônico que permita o acompanhamento do consumo e a gestão mais eficiente do uso doméstico da energia elétrica. Além de buscar um equipamento com custo mais baixo que os similares importados, o projeto considera apresentar as informações via TV Digital.
“As informações poderão ser lidas pelo conversor e a TV Digital seria a interface para os consumidores. O desafio é fazer um protótipo com custo muito inferior aos equipamentos importados, que estão na faixa de US$ 300 ou US$ 400. Mas com funcionalidades que atraiam os consumidores, porque sem eles os ganhos do smart grid não se justificam”, salienta o coordenador do grupo de smart grid do CPqD, Luiz José Hernandes Júnior.
O CPqD participa das atividades de pesquisa e desenvolvimento desse medidor eletrônico desejado pela Light e pela Cemig, mas Hernandes lembra que a implementação do smart grid no país abrirá diferentes oportunidades de novos negócios com o uso das telecomunicações. “Sabemos que na Europa o smart grid já é utilizado para monitoramento médico. Com o uso de uma pulseira ou um colar é possível detectar até mesmo quedas de um consumidor idoso, por exemplo”, conta.
O uso das telecomunicações também pode se dar com o uso de aparelhos celulares para acionar equipamentos à distância – como iluminação, irrigação ou alarmes. “As funcionalidades vão muito além do serviço anterior [de energia] e com a configuração de uma rede doméstica [home area network] podem ser aportados outros serviços. E os serviços agregados vão surgir naturalmente com o desenvolvimento da tecnologia e a partir dos modelos de negócios adotados”, completa Hernandes.
O CPqD, no entanto, calcula que ainda é cedo para apostar em uma tecnologia dominante para o smart grid. Diferentes soluções – seja com PLC, Zigbee, WiFi, WiMAX ou RF Mesh – serão adotadas a partir das premissas de cada distribuidora de energia. “O PLC, com uso de banda estreita, pode ser uma boa solução para regiões isoladas. Já naquelas com altíssima concentração de clientes a tendência deve ser o uso de redes próprias, com backhaul ou WiMAX”, avalia o coordenador do CPqD. (Convergência Digital)