quarta-feira, 13 de outubro de 2010

Para CPqD, ganhos do smart grid vão compensar investimentos na nova rede

Uma das principais discussões sobre a implantação do smart grid no país passa pelo financiamento dessa rede inteligente. O tema faz parte do grupo de trabalho criado no Ministério de Minas e Energia que discute uma política pública para essa nova rede, especialmente pela definição de um modelo que evite impactos nas tarifas aos consumidores. Mas embora as projeções de custo variem de R$ 50 bilhões a R$ 200 bilhões, também faz parte da equação a perspectiva de que os próprios ganhos do smar grid compensarão os aportes necessários.

“Os ganhos com o smart grid são muitos e acredita-se que eles serão suficientes para financiar esse investimento. A questão que se coloca é como começar esse círculo virtuoso, daí a necessidade de uma política pública para os investimentos iniciais”, avalia o coordenador do grupo de smart grid do CPqD, Luiz José Hernandes Júnior.

Com a medição eletrônica em larga escala as distribuidoras de energia vão perceber esses ganhos na redução de perdas – os “gatos” – além de que a rede inteligente permitirá o uso mais eficiente da energia, a redução do consumo nos horários de pico e o consequente adiamento de investimentos.

Isso porque um dos elementos básicos do smart grid é permitir que os consumidores utilizem a energia de forma mais eficiente. Daí o processo começar com a troca dos medidores atuais por equipamentos capazes de fornecer informações mais completas. A partir daí, a Agência Nacional de Energia Elétrica planeja adotar tarifas diferenciadas.

Com isso, será possível “recompensar” aqueles consumidores que, por exemplo, usam o chuveiro elétrico fora do horário de pico. “Os consumidores precisam perceber os ganhos com as mudanças de comportamento”, avalia Hernandes, do CPqD. Ou seja, o cliente precisa sentir, mantendo o exemplo, que será mais barato tomar banho depois das 22h.

O impacto dessa mudança de comportamento não é trivial. As redes de energia são desenhadas para suportarem o uso nos horários de pico de consumo, o que significa sobra de capacidade nos demais períodos. Daí um primeiro ganho com alguma diluição desse consumo, inclusive pelo impacto na vida útil do sistema.

A medição inteligente também permite a identificação e o combate mais eficaz ao que o setor elétrico chama de “perdas não técnicas”, ou seja, o “furto” de eletricidade. De novo, o número não é desprezível. Calcula-se que esses “furtos” representem metade das perdas de eletricidade do sistema – as perdas técnicas sendo aquelas naturais à própria transmissão – que chega, em média, a 16% de toda a eletricidade produzida no país.(Convergência Digital)