quarta-feira, 14 de julho de 2010

Especialistas ainda vêem dificuldades para energia eólica no mercado livre

A Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) promove nesta quinta-feira (15/07) uma reunião extraordinária de sua diretoria para discutir a aprovação dos editais para os leilões de reserva e A-3. Os certames, previstos para 18 e 19 de agosto, vão contratar energia proveniente de pequenas centrais hidrelétricas (PCHs), usinas a biomassa e parques eólicos.

Com o atendimento da demanda das distribuidoras para 2013 sendo feito por meio das fontes renováveis, as usinas eólicas deverão também vender uma fatia de sua energia no mercado livre, como tem acontecido nos últimos certames para atender o mercado regulado. O Jornal da Energia apurou com agentes eólicos e consultores que essa nova possibilidade deixou o mercado em dúvida sobre como poderia ser viabilizada a negociação da produção eólica junto aos consumidores livres.

O presidente da Empresa de Pesquisa Energética, Maurício Tolmasquim, admitiu na semana passada que ainda estavam sendo procuradas alternativas para contornar as dificuldades, que surgem principalmente diante da instabilidade da fonte, que depende da força dos ventos. Mas, para o executivo do governo, "não é nada que não dê para ultrapassar".

Além disso, o próprio preço da geração eólica pode fazer com que a fonte não seja interessante para os consumidores livres. No primeiro certame dedicado à fonte, a tarifa média ficou em R$148, preço acima do praticado no mercado livre hoje em dia.

"Por preço, não tem viabilidade ainda. Porque, embora a tarifa tenha caído bastante, mesmo assim aquele preço (do certame anterior) já foi algo possível devido a facilidades oferecidas pelo governo naquele leilão", analisa o consultor da Andrade & Canellas, Fabiano Fuga.

O especialista também questiona a instabilidade dos parques. "Essa é uma questão bastante complicada. Porque o governo, quando vende a energia para as distribuidoras, tem como firmar essa energia eólica, esses desvios de carga de ventos. Quando a gente fala em mercado livre, quem ficaria com esse risco?".

Para Erik Rego, diretor executivo da consultoria Excelência Energética, "a questão nem é preço", mas sim a sazonalidade da fonte. O consultor ainda afirma que, mesmo que essa barreira seja resolvida, outro ponto pode causar dificuldades para fechar os negócios. "A energia eólica é gerada principalmente no Nordeste, enquanto o mercado livre está concentrado no Sudeste/Centro-Oeste. Então você ainda tem o risco de submercado", conclui. (Jornal da Energia)