segunda-feira, 30 de maio de 2011

Estatais vê pouco espaço para redução nas tarifas com a renovação das concessões

Um grupo de trabalho formado pelas estatais de energia Cesp, Cemig e Copel, e que mais recentemente agregou a Celesc, tem discutido os efeitos que uma decisão do governo federal sobre o destino das concessões do setor elétrico pode ter sobre seus ativos. Segundo o Ministério de Minas e Energia, 67 hidrelétricas, somando mais de 18GW, terão seus contratos vencidos em 2015, o que preocupa os agentes.

Segundo o presidente da Copel, Lindolfo Zimmer, já é sabido, por "conversas de corredor" que as concessões serão renovadas. A questão é que o governo pretende utilizar o argumento de que os investimentos nas usinas foram amortizados ao longo do tempo para forçar uma redução no preço pago pela energia dessas plantas, visando a modicidade tarifária. O grupo de estatais quer demonstrar que não é bem assim.

Zimmer afirma que há um estudo sendo conduzido pelas empresas que, quando concluído, apontará que uma mudança de R$5 no valor pago por cada MWh gerado por essas hidrelétricas já deixaria algumas delas "no vermelho". De acordo com o executivo da Copel, especialistas do setor, como a diretora jurícida da Associação Brasileira das Concessionárias de Energia Elétrica (ABCE), Helena Landau, foram recrutados pelo grupo para ajudar nas conversas junto ao governo.

O presidente da Copel também deixou claro que uma decisão precisa ser tomada logo, uma vez que a atual incerteza paralisa investimentos das empresas. Como exemplo, ele apontou o caso da hidrelétrica de Foz do Areia, de 1,6GW. Zimmer explica que, uma vez que a usina não opera o tempo todo na melhor condição, devido às orientações do Operador Nacional do Sistema (ONS), suas máquinas ficam mais próximas do fim da vida útil.

"Não há nenhum risco, mas precisamos estudar a manutenção, a troca (desses equipamentos). É um investimento de R$500 milhões. Você acha que eu faria esse investimento para depois devolver a concessão à União?", questiona o executivo. "O sistema não pode correr o risco de perder uma máquina de 400MW", lamenta. (Jornal da Energia)