quinta-feira, 31 de julho de 2014

Governo deve pagar mais juros a bancos para resgatar elétricas

O governo deverá aumentar a taxa de juros para contar com os bancos privados na segunda operação de socorro às distribuidoras de energia neste ano --o que, por consequência, tornará a conta mais cara para o consumidor. A Folha apurou que, para atraí-los, o governo deve oferecer mais do que o 1,9% ao ano mais a variação do CDI (Certificado de Depósito Interfinanceiro), que somam 12,1% em 12 meses, acertados no primeiro socorro, de R$ 11,2 bilhões, em abril.

Até o momento, o Ministério da Fazenda tem acertada a participação de Bradesco, Santander e BTG Pactual no empréstimo de R$ 6,5 bilhões que deve ser fechado até 15 de agosto. O governo espera que o Itaú aceite entrar no pool até esta sexta-feira (1º).

Sem os bancos privados, o socorro às distribuidoras ficaria nas mãos dos públicos, BNDES, Caixa e Banco do Brasil, que já aprovaram até R$ 7 bilhões em crédito.

O governo tenta emplacar seu plano original, que deixa Caixa e BB com participação de R$ 750 milhões cada um.

Os bancos aprovaram R$ 2,5 bilhões e R$ 1 bilhão, respectivamente. O BNDES disponibilizou até R$ 3,5 bilhões.

Com o peso dos bancos públicos, o governo acreditava que os privados topariam o negócio sem barganhar.

Mas as instituições ainda estão relutantes e pedem taxas maiores porque temem que as garantias do governo sejam insuficientes caso surja um imbróglio jurídico em torno da elevação da CDE (Conta de Desenvolvimento Energético), encargo presente na conta de luz usado para pagar os empréstimos.

Por isso, o governo teve que ceder e está renegociando as taxas.

A Fazenda afirma que a participação de Caixa e BB não excederá R$ 750 milhões. "Em nenhum momento aventou-se a possibilidade de a Caixa emprestar R$ 2,5 bilhões", disse o secretário-executivo da Fazenda, Paulo Caffarelli.

INSUFICIENTE - Apesar dos empréstimos, que já somam R$ 17,7 bilhões, as distribuidoras de energia acreditam que o valor não será suficiente para tapar o buraco até o final do ano.

Para fechar as contas até dezembro, podem ser necessários outros R$ 3 bilhões.

As empresas estão com problemas financeiros por causa do uso ininterrupto de usinas termelétricas, cuja energia é mais cara. Além disso, precisam comprar energia no mercado de curto prazo, com preço mais elevado, para garantir a entrega de 100% da demanda. Segundo Nelson Leite, presidente da associação das distribuidoras, caso os preços se mantenham na média de junho e julho, entre R$ 500 e R$ 550 por megawatt-hora, o valor será suficiente para cobrir os gastos até novembro. Caso ela se aproxime novamente do teto, de R$ 822,83, serão necessárias novas medidas para tapar o buraco. 


Aumento na luz será diluído até 2017, diz ministro 
O ministro interino de Minas e Energia, Márcio Zimmermann, disse nesta quarta-feira (30) que o governo pretende repassar ao consumidor entre 2015 e 2017 os custos dos empréstimos feitos para as distribuidoras de energia, que somam R$ 17,7 bilhões. Segundo a declaração de Zimmermann à rádio CBN, o governo espera aumentos de 2,6% nas tarifas em 2015, de 5% em 2016 e de 1,4% em 2017. Na terça-feira (29), a Aneel dissera que o impacto total seria de 8% em dois anos. O mercado, porém, faz previsões ainda maiores. Consultorias ouvidas pela Folha destacam que o aumento nas tarifas possa chegar a 25%. (Folha de S. Paulo)
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