O medo de que o país seja forçado a conter o consumo de energia e a memória do racionamento de 2001 já começam a se refletir nas ações das elétricas. Ontem, o Índice de Energia Elétrica (IEE) da BM&FBovespa recuou 1,62%, enquanto o Ibovespa fechou em baixa de 0,72%. Os analistas, porém, recomendam cautela e sangue frio aos investidores nas próximas semanas.
Francisco Navarrete, da corretora Brasil Plural, evita prognósticos alarmistas. "O momento é de grande incerteza", diz o analista, para quem só será possível ter um quadro mais nítido sobre a oferta de energia em abril, depois da estação chuvosa.
Até lá, é esperado que as ações das elétricas continuem instáveis. Os papéis podem subir ou cair, dependendo das previsões climáticas, diz Navarrete. Se as chuvas se normalizarem, é possível que as ações voltem a se valorizar na bolsa, beneficiando quem apostou nos papéis neste momento. Mas, se a escassez de chuvas persistir e o Brasil tiver de conter o consumo, as ações podem cair ainda mais.
Ontem, as elétricas do IEE que mais caíram foram Cemig e Light, que recuaram 4%. As ações da Eneva, Transmissão Paulista, Tractebel e CPFL também foram impactadas, com quedas de mais de 2%.
O mercado espera que o governo volte a subsidiar as tarifas de energia, bancando as despesas bilionárias das distribuidoras com o despacho das térmicas e a exposição involuntária das empresas ao mercado de curto prazo. Mas Brasília mantém-se em silêncio, o que aumenta a apreensão. "Seria melhor se eles resolvessem isso rapidamente", diz um analista. As distribuidoras ficaram subcontratadas depois da renovação das concessões do setor elétrico e precisam comprar todos os meses cerca de 3,2 mil MW no mercado de curto prazo. O custo do megawatt-hora, porém, disparou, alcançando o recorde de R$ 822 nesta semana.
Segundo analistas, entre as distribuidoras mais expostas ao mercado de curto prazo estão a Copel e a Energias do Brasil, que estão subcontratadas em 14% e 9%, respectivamente.
Mas as elétricas que mais seriam afetadas por um possível racionamento seriam as geradoras, que sofreriam um forte impacto em suas receitas, como ocorreu em 2001. A queda na produção das hidrelétricas poderia obrigar as geradoras a comprar energia no curto prazo para honrar contratos, o que elevaria os custos das companhias. (Valor Econômico)
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