Este não deve ser um ano fácil para as elétricas na BM&FBovespa, prevê a analista do banco UBS, Lilyanna Yang, que lista pelo menos cinco pontos preocupantes. Um deles é a deterioração do ambiente macroeconômico, a escalada da inflação e o baixo crescimento do PIB, quadro que leva o UBS a projetar uma taxa básica de juro de 13% ao ano. De acordo com Lilyanna, diante desse cenário, uma taxa de retorno de 7% para os dividendos (o lucro distribuído pelas companhias dividido pelo valor da ação) deixa de ser atraente aos investidores, apesar de as empresas do setor elétrico apresentarem uma receita atrelada à inflação e um nível de endividamento relativamente baixo.
Outro aspecto que causa apreensão são as eleições em outubro e o aumento dos riscos regulatórios, que já estão em níveis elevados na visão da analista, diante da linha "intervencionista" do governo federal. Lilyanna lembra que a Cesp, Cemig, Cteep e Eletrobras possuem bilhões de reais a receber da União como reembolso pelos investimentos feitos nas concessões cujos contratos foram renovados ou que vão terminar até 2015.
O cenário torna-se ainda pior com a fraca hidrologia (nível de água dos rios), o que pode obrigar o Tesouro a continuar injetando bilhões de reais nas distribuidoras para impedir que elevadas despesas com a geração térmica tenham um impacto na conta de luz.
Mesmo questões não associadas a aspectos regulatórios e políticos preocupam. Os riscos de execução das obras de geração e transmissão, por exemplo, aumentaram no país, como atestam os consórcios que estão construindo as hidrelétricas de Belo Monte e Jirau. Isso torna mais difícil a obtenção das taxas de retorno previstas nos orçamentos iniciais dos projetos.
Segundo a analista, os investidores também devem estar atentos ao fato de que as empresas de geração, transmissão e distribuição vão se expandir por meio de fusões e aquisições, o que obrigará desembolsos de caixa.
Lilyanna coloca entre as suas recomendações de compra as ações da Copel, Light, Energias do Brasil, AES Tietê ON e Eneva. Na lista de empresas com recomendação neutra estão a Cemig, Cteep, CPFL Energia, Tractebel, Cesp, AES Tietê PN. Nas recomendações de venda estão Eletropaulo e Equatorial. (Valor Econômico)
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