O Grupo Eletrobras, comandado por José da Costa Carvalho, voltou a falar na possibilidade de vender ativos. E a área de distribuição está na mira do possível corte, de acordo com Armando Casado, diretor financeiro da companhia. “A discussão está em torno das distribuidoras”, afirmou o executivo que não deu um prazo para conclusão do plano que ainda tem que ser apreciado pelo governo federal, controlador da companhia. A venda das distribuidoras, motivada pela lei 12.783 (MP 579), entra em cena depois do presidente da Eletrobras afirmar que tomaria uma decisão até o final de 2012. Enquanto não se tem um rumo definido para as seis distribuidoras, o que se sabe até o momento é que elas tiveram performance positiva quando o assunto é investimento. De acordo com dados da Eletrobras, as distribuidoras, que somam prejuízo de R$ 852 milhões no acumulado dos nove meses de 2012, investiram no ano passado R$ 1,04 bilhão, o equivalente a 87% do previsto no orçamento.
As empresas, que segundo a companhia devem se tornar rentáveis a partir de 2014, apresentaram potencial melhor que a área de transmissão (85%) e geração (62%). Das distribuidoras, a Eletrobras Rondônia informou que investiu 90,4% do previsto para 2012. Com R$ 222,9 milhões, a empresa foi a que mais cumpriu com a meta. Já a Eletrobras Piauí realizou 89% do aporte previsto para o ano que totalizou R$ 320 milhões. Para 2013 a distribuidora estima uminvestimento no mesmo valor.
Para Raimundo Batista, especialistaem negócios do setor elétrico e sócio-diretor da Enecel Energia, o compromisso de investimento da Eletrobras está ligado a cobranças da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel). “A Eletrobras já tinha sido ameaçada pela Aneel por não cumprir metas”, lembra. Segundo ele, o cenário para as distribuidoras neste ano não deve ser animador. “2013 será delicado pois as distribuidoras vão precisar de capital para pagar despesas extras de distribuição motivada pelo acionamento das térmicas.” O cenário também preocupa a agência de classificação de risco Fitch que afirma que “o aumento temporário nos preços da energia no mercado de curto prazo e os maiores despachos das térmicas deverão impactar negativamente o perfil financeiro das distribuidoras”. “Os índices de crédito das distribuidoras estão sob pressão devido à redução da geração de Ebitda, resultante dos substanciais aumentos de custo, e ao aumento da dívida líquida para financiar as crescentes necessidades de capital de giro”, completa a agência.
Para Batista, diante desse cenário, “quem já estava em situação de devedor pode ter que usar recursos de investimentos para ganhar fôlego, já que só vão recuperar os recursos gastos com as térmicas só no próximo reajuste tarifário.” Na opinião da Fitch, é importante que o governo federal adote medidas para preservar a liquidez das distribuidoras no atual período de crise, bem como diminuir a dependência de fontes de terceiros para financiar suas necessidades de capital de giro. “Um empréstimo-ponte por parte do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) ou uma contribuição de caixa do governo poderia ser uma das duas alternativas”, sugere a agência. O BNDES informou por meio de seu relatório de perspectiva de investimento que prevê investimento de R$ 166 bilhões entre 2013 a 2016 na área de energia. (Brasil Econômico, com Reuters)
Leia também:
* Energisa planeja investir R$ 1,6 bilhão até 2015
* Dívidas da EDP aumentam 36,5% e pesam no balanço
* Governo estuda reduzir impacto das térmicas nos preços
* Novas atribuições para a CDE dividem distribuidores e geradores
* Geradoras temem mudanças no cálculo do preço da energia elétrica
Leia também:
* Energisa planeja investir R$ 1,6 bilhão até 2015
* Dívidas da EDP aumentam 36,5% e pesam no balanço
* Governo estuda reduzir impacto das térmicas nos preços
* Novas atribuições para a CDE dividem distribuidores e geradores
* Geradoras temem mudanças no cálculo do preço da energia elétrica