quarta-feira, 6 de março de 2013

Reestruturação pa Eletrobrás incluirá venda de ativos

A Eletrobrás conclui este mês seu plano de reestruturação e deve anunciar uma proposta "ousada" de corte de custos operacionais e financeiros, segundo o termo usado por um j dos conselheiros da empresa, que inclui um processo de venda de ativos. Um passo importante foi dado na semana passada. Foi aprovada a cisão da Amazonas Energia - uma das distribuidoras federalizadas administradas pela estatal - em três diferentes empresas. Tradicionalmente, o desmembramento em ativos de geração, transmissão e distribuição inaugura o processo de oferta ao mercado. 

A intenção é ter o plano de reestruturação concluído a tempo de ser aprovado pela União, acionista majoritário, e apresentado à Assembleia Geral Ordinária (AGO) do dia 30 de abril. Para isso, deverá ser apreciado pelo conselho de administração no próximo dia 27. 

Há um plano de demissão voluntária (PDV) sobre o qual pesa outra urgência, pois estão simultaneamente em curso as negociações com os sindicatos do acordo coletivo, que deve ser concluído em maio. Nos bastidores, analistas que acompanham o desempenho da Eletrobrás são completamente céticos quanto à capacidade da empresa de atingir níveis aceitáveis de eficiência. Mas o representante dos minoritários no conselho, Marcelo Gasparino, é enfático em afirmar que percebe avanços desde que ocupou o cargo, em dezembro. 

"Acredito que a gente venha com uma proposta mais ousada do que o mercado está esperando. Se isso acontecer, poderemos dar a volta por cima e superar as adversidades do novo modelo. Se não tomarmos as providências, vamos pagar o preço da sobrevivência", alertou. O diretor financeiro da Eletrobras, Armando Casado, confirmou ontem, em audiência no Senado, que o plano de reestruturação da estatal está praticamente fechado e contempla a venda de ativos. E, por meio de sua assessoria de imprensa, a empresa afirma que "comunicará seus planos pelos canais pertinentes de mercado". 

A companhia ainda não fechou as contas sobre o corte de custos e tampouco o volume adicional de receita necessário para cobrir o rombo de R$ 8,7 bilhões anuais perdidos após a aprovação da Medida Provisória 579, em setembro de 2012, que determinou a antecipação da renovação de concessões e consequente retração da tarifa de energia. 

As mudanças estratégicas são tema de apreciação do conselho desde janeiro. No mês passado, a diretoria chegou a apresentar algumas propostas, que serão votadas na próxima reunião. O desmembramento da distribuidora do Amazonas atende boa parte da demanda, já que a empresa é a principal fonte de perdas entre as distribuidoras federalizadas (de Alagoas, Piauí, Rondônia, Roraima e a CGTEE, do Rio Grande do Sul). De janeiro a setembro de 2012, o prejuízo das seis somou R$ 1,067 bilhão, dos quais R$ 508 milhões apenas com a Amazonas Energia. Outros cortes relevantes estão sendo discutidos. Uma consultoria terceirizada deve ser contratada para calcular a dimensão dos cortes. Por enquanto, os esforços estão concentrados nos ativos problemáticos, como as distribuidoras, e no enxugamento de gastos com pessoal, material e serviços. (O Estado de S. Paulo)
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